Ficou suspensa, trémula, hesitante. Muitos diriam que ela teria medo de enfrentar a queda. Mas tal não era verdade. Indecisa no momento da saída de uns olhos que pestanejam como se a quisessem expulsar, ela não tinha receio de cair.
Apenas a entristecia que a sua vida, a sua existência tenha sido tão curta. De brilhante cristal transparente passaria a ser um pequeno charco no chão. Nesse chão que muitos palmilham sem notar a pequena lágrima derramada, que se tenta erguer para chegar ao rio, ou quem sabe ao mar para voltar ao seu elemento natural. Antes disso, no chão esquecida em breve evaporar-se-ia e seria substituída rapidamente por um sorriso.
Triste lágrima não chorada, não entendia que a preterissem e trocassem por esse movimento de rosto, por essa gargalhada desafinada que a muitos ilude quando lhe chamam alegria.
Enquanto divagava nos seus pensamentos, a lágrima não chorada mantinha o seu periclitante equilíbrio até que cansada da sua solidão, desistiu, deixou-se cair, entregou-se ao seu infortúnio. Mas eis que não sentiu a dureza do solo no final da viagem mas a maciez de uma mão, que a amparou na queda, que a acalentou e a guardou no coração.
Não para que fosse eternamente uma lágrima não chorada, mas para que ela nunca mais sentisse a tristeza que a fez surgir naquele olhar. De agora em diante a lágrima não chorada seria lembrada como o mais belo cristal de felicidade.
Tão belo, tão sereno. Imagino-a a escrever. Imagino que tem uma lágrima a espreitar o deslizar da “pena”. Imagino-a com um ar de tranquilidade, de quase ternura. Sinto-a sensível, uma sensibilidade que vem de tempos longínquos como se fosse uma alma que já viajou imenso pela humanidade. Um beijo grande, Adelaide
ResponderEliminarTão lindo, tão poético, deixaste-me com uma lágrima nos olhos mas como não queria que caísse, recolhia e embalei-a num sorriso, não de falsa alegria mas de verdadeira ternura.Bjs A.
ResponderEliminarPermita que partilhe a minha lágrima consigo, pela beleza da sua prosa.Um abraço, Antero
ResponderEliminarUma lágrima não chorada, só o título nos envolve em um ambiente de lirismo. Adorei, recordei-me do guardador de lágrimas que tem uma envolvência semelhante. Apeteceu-me voltar a lê-lo. Bjs, Amália
ResponderEliminarSó tu para te lembrares de dar protagonismo a uma lágrima. Nunca a teria visto dessa forma, agora cada vez que sentir uma lágrima a querer espreitar vou tentar não a chorar.Beijocas, C.
ResponderEliminarTu minha amiga, és pura poesia. Mesmo conhecendo-te há uma vida, consegues sempre surpreender-me com a tua ternura.Bjs
ResponderEliminarCara amiga, os seus post.its não param de me surpreender agradavelmente, gostei muito desta lágrima, enquanto lia, fiquei em suspense, será que ela vai cair e assim terminar a sua história? não previa tão doce final. Um verdadeiro Happy End. Obrigado, Bjs, José
ResponderEliminarHoje era mais daqueles dias igual a tantos outros como têm sido nos últimos tempo. Um dia triste, por situações que a vida me colocou. Adormeci a chorar, acordei com novas lágrimas. Resolvi visitar o teu blog, tens sempre algo agradável para dizer. Surpreendeste-me com esta lágrima não chorada. Apeteceu-me chorar, mas não quis por termo a mais uma lágrima, quando esta ganhou vida própria. Obrigada por impedires as minha lágrimas de cair e por sentir vontade de sorrir. Foste a mão que as amparou. Beijos
ResponderEliminarEste final de semana estava um verdadeiro caos, resolvi fazer uma pausa. Todos fazem uma para fumar, como não fumo, tenho outro vicio, visitar o teu blog. Gosto do que escreves. O título conquistou-me a simpatia, a história enterneceu-me o coração. Obrigada
ResponderEliminarGostei muito desta lágrima. Fiquei feliz por ela não ter tido um triste final. Bjs, Rui
ResponderEliminarMenina, que mensagem maravilhosa. Você é uma pessoa especial. Desejo pra você toda a sorte do mundo, que tenha uma lágrima não chorada porque alguém a amparou e guardou no coração. Você já está no meu, porque lhe tocou com sua doçura. Beijos, do Rio de Janeiro para você. Marina
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