Passados
tantos anos ainda sinto que há caminhos que me faltam percorrer. Que há coisas
por descobrir. Sonhos por concretizar.
Momentos por fantasiar. Risos que ainda
não ri, espantos com que ainda não me confrontei. Encontros que ainda não me
encontraram.
Há
tanto, mas tanto que ainda posso fazer e no entanto, estou comodamente sentada
neste sofá. Estou placidamente instalada na minha rotina.
Outro
dia alguém me disse, “já não tenho idade para essas guerras”. Por momentos
pensei, “que pena desistiu…”
Mas,
pensando bem, sentido melhor, há toda uma acção, toda uma coragem, pode detrás
destas guerras porque as tornamos paz em nós e isso não é fácil.
Há
nisso uma luta feroz, mas após cada uma delas, lambemos as feridas e seguimos
em frente.
A
aprendizagem que nos deixam tornam-nos mais fortes, mais firmes.
Trocamos a
impetuosidade pela complacência, pela tolerância para com os outros e para
connosco.
Percebemos
que vencer não significa antagonizar mas antes compreender. Depois da alta
montanha que subimos, está na altura de apreciar a paisagem e congratularmo-nos
por aí ter chegado.
Há
quem queira continuar a subir para sentir que se vence o tempo e que este não
muda nada na sua caminhada.
Recusam-se a descer a montanha, cresce-lhe um temor
que calam fundo no peito, envelhecer! Perder capacidades, a doença, a solidão…
O que
fica por se fazer, o que fica por se ver, o que fica por se viver!
E eu, aqui
estou, sentada no sofá e sentindo tanto prazer nesse momento de paz com a vida.
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