O outro, um mistério, uma porta, por onde, por vezes, nos atrevemos a entrar, a ficar, a chamar-lhe amiga/o. O outro, que por diferente ou estranho que pareça, tem sempre algo de belo, tem sempre algo para oferecer ao eu. A esse eu que lembra a cada um de nós que para alguém, somos, o outro.
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domingo, 25 de julho de 2021
Post.it: O outro
O outro, um mistério, uma porta, por onde, por vezes, nos atrevemos a entrar, a ficar, a chamar-lhe amiga/o. O outro, que por diferente ou estranho que pareça, tem sempre algo de belo, tem sempre algo para oferecer ao eu. A esse eu que lembra a cada um de nós que para alguém, somos, o outro.
sábado, 17 de julho de 2021
Sou pequenina
Que jamais
sairei de mim.
Então aqui me
aconchego,
Sem questionar
o principio,
Nem saber a
onde chego.
As quatro áreas
do coração,
São as paredes
tecto e chão.
São a minha
terna casa,
São as minha
doce asa.
Então, escrevo,
num ebulir,
Que não grita
para sair,
Mas implora para
ficar.
Escrevo para o
coração embalar.
E assim tornar
menos cansativa,
A sua já árdua
missão,
De me manter viva.
Ele retribui
agradecido,
E como um
menino crescido,
Salta de
alegria quando gosta,
Das minhas
palavras escritas.
Ou como se
aquieta,
Quase dormente
em tristeza
Que não deixa
de ser contente.
Por vezes
permite-se um suspiro,
E nele então me
inspiro,
Porque o
coração não mente,
Se o que digo
abraça o que sente.
domingo, 11 de julho de 2021
Post.it: Nunca mais...
Nunca mais verei a Drª Graça, a Drª Lurdes da farmácia da Pampulha, o Sr. Martins do Café da rua de baixo, o P. Afonso e tantos outros rostos, nomes, vidas que se cruzavam com a minha, que a tornavam mais rica, mais firme, mais completa. Pessoas que faleceram durante a pandemia e outras, devido a ela. Pessoas a quem não podemos dar um ultimo adeus, acompanhar até à sua última morada nem depositar junto a si uma simples flor.
Nunca mais abrirão vários estabelecimentos, a padaria da esquina, o café dos pastéis de bacalhau no Bairro Alto, a frutaria do Sr. Joaquim e outros, tantos outros que agora apenas revelam montras tapadas com papeis que escondem um interior desolador e vazio.
Nunca mais tive boleia para o emprego com as conversas matinais por vezes alegres, outras, sonolentas, rezingonas, faz parte, depois de 20 e muitos anos de amizade em que já não há segredos nem se escondem as características de cada um.
Nunca mais houve abraços, beijos, sorrisos destapados na rua, nos transportes, no emprego.
Talvez haja coisas que voltem a ser o que eram. Surpreende-me sempre a capacidade de nos reerguermos, de nos reinventarmos, de tirarmos as lágrimas dos olhos e as escondermos no coração.
As primaveras continuam a oferecer viçosas flores, as andorinhas regressam fielmente aos ninhos dos anos anteriores. O mar estende-se azul, os campos cobrem-se de verde. As árvores frondosas oferecem generosas sombras. O luar continua a mudar ciclicamente de fase.
O sol continua a brilhar se entretanto não vier um cientista maluco acusa-lo de ser a causa da reprodução dos vírus e invente uma mascara para lhe tapar o brilho.
Ficaremos bem, ainda acredito que sim, um dia, depois de meses e anos, sabe-se lá quantos…
Mas o mundo, as pessoas, as vidas, os comportamentos, os medos, nunca mais voltarão a ser o que eram. Sofremos demasiado, crescemos demasiado, morremos demasiados. Há uma geração a nascer e a crescer olhando para rostos com máscara.
Nunca mais seremos quem eramos, mas, quem sabe, nos tornemos melhores, mais unidos, mais solidários, mais conscientes, mais criativos, com mais sorrisos, no olhar…