Entrar como
quem entra em casa, inalar os cheiros familiares de gente, de pão a torrar, de
leite com café. Deixar que os sentidos se embalem nas vozes que vão chegando
aconchegantes.
Abrir as janelas, deixar os primeiros raios de sol entrar. Tomar o pequeno
almoço com tranquilidade, mergulhar nas tarefas sem pressão, sem olhar critico
e vigilante. Vão descendo as escadas uns, devagar, outros a correr, mas na voz a
mesma juventude de um bom dia embrulhado num sorriso de quem nos olha como
igual.
As tarefas são diversificadas, por vezes muitas, mas há sempre tempo
para mais algumas, aquelas que fazem de uma casa também um lar.
Porque não
deixar o computador e ajoelhar-me para plantar umas flores, ou fazer um pequeno
curativo a quem precisa de ajuda?
Porque não subir o escadote e apanhar fruta no jardim, ou com o mesmo escadote,
mudar uma lâmpada nos altos tetos?
Além disso, seja com quem for, novos, mais velhos, há respeito,
consideração, amabilidade e admiração mútuos.
Há tempo para falar, sugerir,
para ouvir e ser ouvido.
Há tempo para partilhar, para conversar, para
distribuir tarefas, para ser patrão e ser amigo. Sim havia afeição,
generosidade, solidariedade. Era mais do que um emprego, era uma segunda
família, em muitos casos sentida como primeira.
Festejando quem chegava,
chorando as partidas de um até breve ou até nunca mais.
Havia amizade.
Ficou a gratidão envolvida em saudade…