terça-feira, 31 de março de 2020

Post.it: #Fiqueemcasa


Pela sua saúde, pela minha, pela saúde de todos.
Fique em casa porque respeita a humanidade, porque gosta dos seus vizinhos, porque ama os seus amigos e familiares.
Fique em casa também por todos aqueles que não podem ficar e têm trabalhos essenciais para manter a sua e nossa sobrevivência.
Quem amassa o pão para que que nos chegue fresco ao pequeno-almoço.
Quem transporta e vende os alimentos que nos alimentam no dia a dia.
Quem vela pela nossa segurança nas estradas e nas zonas habitacionais fazendo cumprir as regras da boa conduta que um estado de emergência a todos exige.
Quem assegura pela nossa saúde em farmácias, serviços de emergência médica e hospitais. Pessoas que não podem ficar em casa, que trabalham horas infinitas, que arriscam a sua vida para melhorar e em muitos casos salvar a nossa.
Para eles, todos eles, a nossa homenagem, que traduzida em palavras, em aplausos e canções, não basta!
A melhor forma de lhes agradecer é ficar em casa, evitando apanhar e propagar um vírus que nos quer dominar e  em última instância matar.
Fique em casa, activo e atento, aceda a todos os meios tecnológicos que disponha, agora sim é a hora certa para se viciar em telemóveis, tablets e computadores, não só para jogar e ver as novidades, mas, para da sua casa chegar e entrar na casa de quem mais gosta, partilhar beijos e abraços que mesmo virtuais, estão carregados de emoção.
Fique em casa, horas, dias, meses, o que for necessário, sem se deixar cair na solidão desse aparente isolamento. Sinta que estando em casa cumpre um dever, encare-o como uma tarefa, viva cada instante com espírito de entreajuda porque neste momento, ficar em casa é a sua e nossa grandiosa missão.



domingo, 22 de março de 2020

Post.it: Neste recanto


Num recanto do mundo, é onde me sinto estar. Há quem se sinta num recanto da vida, escondido, com medo de um encontro funesto com a doença ou com outros medos que nos podem bater à porta. Sentimos-nos frágeis, vulneráveis, impotentes, sentimos-nos sós, obrigados a uma solidão que não escolhemos.
Não temos escolha, é o que nos desespera, esta espera, esta incógnita. O que não controlamos mas que nos controla.
Mas temos escolha. Podemos agir, deixar de esperar e seguir em frente, tornar cada dia a construção de algo melhor, uma dádiva. Uma palavra, um gesto, mesmo que seja na distância de segurança. E há cada vez mais quem o faça, cada pessoa começa a partilhar o que tinha de si para dar. Os ginásios colocaram aulas na Internet para quem estiver em casa se manter saudável e activo. Quem está ligado a áreas culturais disponibilizou conteúdos para que o tempo livre seja um tempo mais enriquecido. Ideias inovadoras vão surgindo para quem se quiser manter ocupado em casa, bricolage, trabalhos manuais, novas aprendizagens.
É claro que muitos nem sequer têm tempo para terem tempo livre, estão em casa mas estão a trabalhar nos seus ofícios. Mas mesmo esses, que no início pensavam que estavam numa situação ideal, sem horários rígidos, sem a perda de tempo nas filas dos transportes, constatam aquilo de que estudos recentes já tinham demonstrado. Estas pessoas, em tele-trabalho, confrontam-se com a sua própria exigência e caiem no extremo oposto de excesso de trabalho e muitas vezes numa solidão que lhes inibe a criatividade e sociabilidade no lar. É a fase que atravessamos, não gosto de lhe chamar crise, quero olha-la ainda com um olhar de esperança, quero acreditar que em breve vamos voltar a fazer longas caminhadas sem máscara, que vamos dar e receber abraços sem receio de estar dar e a receber, nada mais do que afeto. 
Até lá é preciso tomarmos consciência do que nos rodeia mas também interiorizarmos as nossas necessidades, capacidades e limites. E sobretudo é preciso que sintamos e façamos os outros sentir que, mesmo longe nunca estivemos tão perto, que cada um na sua casa, não está sozinho. Por isso, telefone, mande emails, fale, dê beijos e abraços aos seus familiares, amigos, colegas, vizinhos, todos precisamos de todos.