Volta,
sim volta, espero-te há mil anos de esperança. Preciso de te reencontrar, de
rever o teu sorriso desenhando no rosto consternado do tempo a pessoa que
conhecia.
Preciso
de voltar a escutar as palavras amáveis que sempre tinhas para oferecer. As
ideias que te floriam o olhar. Volta, ainda recordo os teus passos dançantes,
parecias ensaiar um bailado com músicas que só tu ouvias, mas imagino pela
leveza dos gestos, pela coreografia das formas, que eram belas. Mas inaudíveis para
quem não tem a virtude de viver os sonhos de olhos abertos, de os encontrar em
cada recanto escuro porque transporta consigo uma luz que lhe é própria.
Volta,
porque o ar precisa de ser respirado por tal volúpia, para se deleitar na quase
embriaguez dos sentidos quando todos eles confluem no mesmo caminho doce e
terno da felicidade.
Porque
sim, era feliz, e sabia-o e sentia-o e viva-o dessa maneira. E agarrava-me a
ela, antes que a felicidade fosse uma ave de asas abertas em busca do vento
para voar. E voou... Se ao menos fosse uma
andorinha…
Dizem que parte mas regressa sempre. Talvez,
haja uma espera que não seja infinita, talvez exista um horizonte que conheça o
caminho de retorno. Continuo a pedir volta, volta vida. Tal como eras, com te
vivia, volta…