Continuas
a ler-me, a saborear cada palavra minha como se fosse um reconfortante café da
manhã. Continuas a procurar-me por entre as linhas para saberes quem sou, como
estou e o que sinto. Continuas a entrar aqui, neste lugar vago de tempo, vazio
de espaço em busca de mim, de ti, de nós.
Imagino
que sim, então, escrevo, (escrevo-te), um rio de frases, ondas marítimas de suaves
sensações, continuo a unir margens separadas
pela inacção de... sei lá, do tempo (desculpas esfarrapadas).
Mas
é verdade, continuo a rescrever os caminhos perdidos. E até aqueles por onde
nunca caminhei, embora tenha imaginado lá os meus passos. Continuo algures aqui,
cada dia de nós mais sós. Eu, pelo menos,
porque embora me leias, nada de ti me contas, não deixas sequer um rasto dessa leitura, que não sei se te
tocou, se te fez voar pelas veredas verdejantes dos sonhos.
Porque
a realidade. Ai a realidade, essa verdade que nos rouba as palavras, que nos
silencia o peito, continua a aprisionar-nos a este solo pisado e repisado de
ausências.
Enquanto
a solidão mesmo não existindo, porque afinal continuamos aqui, vivendo vidas
unicamente nossas, magoa, como aquela saudade que já referi anteriormente, essa
que nunca chegou a ser vivida e que no entanto deixou-me na alma desnudada uma
existência sentida.
Louca,
chama-me por te continuar escrever, por desejar que me leias, mas não me roubes
o único alento de esperança que ainda consigo respirar, quando a caneta, as
teclas, o papel, a tela correm a uma velocidade estonteante, para ti. E de cada
vez que enceto esta viagem, paro, cansada e triste porque depois de tanto chão
percorrer nunca chego a te encontrar…
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