O que somos? Um mundo, um universo de
estrelas, de sois, de luas. Uma galáxia de sensações, de vivências que nos
moldam, que nos definem.
Somos uma mão estendida, que quer dar, que
quer receber. Amparar, erguer ou ser erguida.
E essa dádiva de existir, de prosseguir,
deixando no caminho as pegadas ligeiras do coração, revela-nos
o quanto está cheio e simultaneamente leve. Tão leve que ganha asas, tão
ténue que flutua na mais delicada brisa.
No que somos, estamos inteiros,
partilhando-nos, dando-nos. Afinal temos tanto para dar quando a vida que nos
preenche já nos deu muito, em experiência, em amor…
Bem sei que há dias em que o mar nos inunda
os olhos, que a dor nos supera. Mas o que aprendemos a ser, reinventa-nos um
sorriso e sem sabermos bem como, esse dia passa como uma nuvem cinzenta num céu
que se torna límpido de esperança. E não há nada que nos roube a essência do
que nos fizeram ser, crescer, transformar. Mesmo quando desejamos ser ilhas, há
sempre uma ponte que se estende para nós, um barco que se dirige para o nosso
cais, ele vem, vem sempre, vem a remos, vem a nado, não desiste de nós. Vem
amparar-nos, engrandecer-nos, preencher-nos. Como podemos então desistir? Como
não reconhecer o que nos dão e multiplica-lo por mil, para retribuir quando
chegar a nossa vez de sermos a ponte, o remo, o abraço.
Essa deve ser a nossa natureza, só temos que
encontrar a fonte, que quanto mais se dá mais tem para dar. Já não precisa de
receber, quem tem tanto no peito…
E mesmo que seja apenas “poesia”. Mesmo que
para alguns não passe de “verbo encher”, era tudo, apenas tudo para fazer alguém
feliz.