É assim que o tempo passa, umas
vezes sem darmos por ele, outras arrastando-se ou arrastando-nos para onde
queremos ou não queremos ir. Mas chegamos aqui. A lugares que não idealizamos
mas que de uma forma ou de outra nos fizeram chegar. Era bom pôr a culpa no
destino, nessa mão invisível que vai escrevendo (direito) por linhas tortas,
por vezes muito tortas. Mas será que é mesmo assim? Não seremos uma pequena
bola que vai batendo em outras bolas e fazendo uma onda de energias e reações?
Talvez todas as coisas tenham as suas consequências. Os pais, os lugares, os
amigos, os inimigos, e no somatório de tudo isto, nós. Em alguns casos, a
continuação de nós, nos elos entrelaçados de genes, de fugas à tradição, à
imposição. Mas no fundo, bem no fundo, não podemos fugir. Cada fuga de um para
outro lugar, de uma para outra situação é apenas e sempre o nosso caminho. Não
há como voltar atrás e remediar o que está errado. Resta-nos tentar fazer do
presente um futuro que quando for passado não nos crie arrependimentos, que nos
faça sentir que até gostamos do passar do tempo, das suas rugas, das suas
feridas saradas. Leve o tempo que levar. Leve-nos ele para onde nos levar.