quinta-feira, 30 de julho de 2015

Post.it O dia da amizade

Dia da amizade, neste e em todos os que tenhamos vontade de partilhar um momento, mesmo que não seja o melhor, mesmo que seja de dor.
É dia de estar presente, mesmo que ausente na presença física. É dia de lembrar  a quem nunca esquecemos a amizade que lhe temos.
Podemos dar-lhe um jardim mas para um amigo, basta uma flor.
Podemos dar-lhe uma praia, mas para um amigo, basta um grão de areia.
Podemos dar-lhe o paraíso mas para um amigo, basta sempre um sorriso.
Podemos dar-lhe o mundo mas para um amigo, basta o mais belo segundo.
Porque, na realidade, para um amigo só a amizade basta.

Para conseguir a amizade de uma pessoa digna, é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos. Sócrates
                      (Só um coração bonito consegue reconhecer outro.)

A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro. Platão    
           (A felicidade dos outros engrandece a nossa.)

Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz… Machado de Assis
            (O que se sente é maior do que o que se diz, porque as palavras para o definir nunca são suficientes.)

Quem negligência as manifestações de amizade, acaba por perder esse sentimento. Shakespeare
             (Como uma flor, só sobrevive se for cuidada.)

Quem afasta a amizade da vida parece que arranca o sol do mundo. Cícero
             (Cada amigo é uma luz no nosso caminho.)

A amizade não se busca, não se sonha, não se deseja; ela exerce-se (é uma virtude). Simone Weil
            ( A virtude de amar está em nós, é preciso descobri-la e partilhá-la.)

Amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você. K. Hubbard
              (Não vamos mudar os outros para nos serem iguais, vamos amá-los pelo que são.)

Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos. M. Unamuno
              (Não pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.)

As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável. Madre Teresa de Calcutá
               (Pode haver feridas que não têm cura, mas uma palavra amiga pode sempre atenuá-las.)

Devemos nos comportar com os nossos amigos do mesmo modo que gostaríamos que eles se comportassem connosco. Aristóteles
            (Querer o melhor para os outros tal como o queremos para nós.)

O amigo: um ser que a vida não explica e o espelho de minha alma multiplica… Vinicius de Moraes
           (A amizade não se explica, aprofunda-se.)

Pode ser que um dia nos afastemos… Mas se formos amigos de verdade, a amizade nos reaproximará. Albert. Einstein
            (A amizade não conhece a palavra tempo, apenas momento.)


                        Que a nossa seja um eterno agora!

terça-feira, 28 de julho de 2015

Post.it: As saudades evitam-se

Li algures esta frase, era uma anúncio publicitário não reparei sobre  que produto, fixei-me na ideia, fez-me, pensar. É habitual ouvir esta expressão para as desculpas, para coisas negativas. Queremos evitar as saudades? Talvez, algumas, especificamente essas que nos marcaram não pelas melhores razões. 
As saudades evitam-se. Como? Vivendo cada momento como se não existisse amanhã. Sentindo a vida em pleno, dedicando a sua atenção a cada instante. Tocando cada coisa como se fosse a primeira vez e a última. Abraçando outras vidas nem que seja com o olhar embora saiba melhor se for com o coração. Não adiando nenhuma decisão, nenhum gesto, nenhuma intenção. Fazendo tudo, mas tudo o que está ao nosso alcance. Tudo, mas tudo o que podemos fazer, até nos sentirmos plenos de vida, até sentirmos de inteira e pacifica consciência, se por acaso as coisas não aconteceram de outra forma não foi culpa nossa, não foi por preguiça física, mental, social, não foi por negligência, nem tão pouco por abandono do que poderia ter sido e não foi. Se assim decorrer não nos fica a sensação de culpa nem tão pouco a de saudade. Essa saudade incumprida, essa saudade que deixou de ser vivida e que nos deixa por vezes uma mágoa, como se de uma ferida se tratasse, que dói sem sabermos bem qual a causa. O tempo se encarregará de a tratar ou melhor, camuflar. Porque ela fica lá, doendo de mansinho no corpo, na alma, na sensação de incompletude. Cresce como uma saudade de nós, do que poderíamos ter sido, do que poderíamos ter dado, do que poderíamos ter vivido… 
São essas saudades que se evitam porque, dependem unicamente da nossa vontade, do nosso querer. Quanto às outras saudades, essas que nos enchem de boas lembranças, essas nunca devemos evitar, devemos criar muitas. São as nossas pequenas ou grandes memórias que se tornam alicerces vivenciais, que marcando-nos definem-nos no melhor que somos. São o nosso caminho, feito não das quedas mas da forma como nos reerguemos. Não de finais mas de todos os começos, das esperanças, das expectativas. Não dos fracassos mas da forma como chegámos a cada vitória. Saudades, ai saudades, da infância divertida, da adolescência apaixonadamente sofrida. Do crescer, do aprender, dos encontros e até dos desencontros. Saudade não do que poderíamos ter sido, mas do que fomos, em boa verdade, do que somos. 
Uma saudade que não dói, antes cura, encoraja, fortalece e nos faz continuar a somar  muitas e novas saudades, das que nos orgulhamos de sentir. Das que não queremos nunca evitar.


terça-feira, 21 de julho de 2015

Post.it: És algo em mim

Alguma coisa em mim és tu. Tu que me ensinas-te os primeiros passos. Tu que me limpaste a primeira lágrima. Tu que me roubaste o primeiro beijo. Tu que me deste lições de vida e de moral. Tu que me revelaste onde estava o bem mas também o mal. Tu que me fizeste cair. Tu que me levantaste depois da queda. Tu que me levaste pelo braço. Tu que foste o mais sólido abraço. Tu que me aconselhaste a não ir por ali. Tu que perdoaste por ter ido pelo caminho errado. Tu que me deste o pão. Tu que apesar de tudo o que fiz me deste razão. Tu que me escutaste sem pressa para ir embora. Tu que por um demorado instante por mim paraste. Tu que me gritaste apelando há sensatez. Tu que me amaste sem me magoar o coração. Tu que me foste protectora sombra. Tu que me deste toda a doçura de uma brisa. Tu que me ofereceste uma flor. Tu que retiraste dela os espinhos que me causariam dor. Tu que abriste a porta para eu passar. Tu que me ajudaste a carregar o peso dos dias. Tu que tornavas a minha tristeza em alegria. Tu que em silêncio me soubeste acompanhar. Tu que me foste farol na noite escura. Tu que me foste cais de segurança. Tu que aguentaste o embate de todas as minhas tempestades. Tu que me fizeste sonhar acordada. Tu que me fizeste ver a beleza da realidade. Tu que me encheste de fé quando já não acreditava em nada. Tu que me fizeste levantar para cada nova madrugada.
Se me perguntarem quem és tu, não saberei responder numa só palavra, num só nome. Foram tantas as pessoas que deixaram alguma coisa em mim, que a dada altura, já não sei quem sou, sinto que no fundo, eu sou tu.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Post.it: Cheia de abraços

“Tens a camisa amachucada”, sim mas não faz mal, pelo contrário, faz bem. Tenho a camisa amarrotadas de muitos e longos abraços, tantos saudosos, tantos amorosos, tantos chorosos. Fazem parte da chegada, fazem parte da despedida. Um adeus que nunca conseguimos dar de coração leve. Um olá que não chega para compensar as saudades de tantos e tantos anos de distância. “Há quantos anos que não te via? “Trinta? Como o tempo passa”. “Estás na mesma, alguns cabelos brancos”. “Simpatia a tua porque são muitos, quase tantos quantos os dias desses 30 anos”.
Temos que deixar de nos encontrar assim, repetem, uns, outros e mais outros, sempre em funerais, porque para as festas nunca temos tempo, o emprego, os filhos, enfim nós e a nossa vida…
Para a morte teremos sempre tempo, para a dos outros e certamente para a nossa. Aí paramos, pensamos, sentimos (se tivermos tempo para isso).
A morte com tudo o que traz de tristeza, de afastamento, tem o seu reverso,  une, ou melhor reúne, a família que se encontra espalhada de norte a sul e além das fronteiras nacionais, os amigos e até os desconhecidos, porque depois de 30 anos, já mal sabemos quem é quem, nos entretanto do caminho,  a família foi aumentado com os casamentos, com os filhos, eles também já quase com 30 anos e com a sua própria descendência.
Onde tenho andado perguntam-me, pergunto-me, e a resposta parece ser sempre a mesma, tenho estado aqui tão perto, mas tão perto que em muitos momentos me pareceu longe. Momentos da nossa vida em que fomos na direcção oposta, em que fomos mais longe e ainda assim, não parámos a meio, sabe-se lá porquê, até porque no coração cresciam as saudades. Foi preciso aquela urgência, aquele medo que alguém partisse, foi preciso que nos dissessem que tínhamos que nos unir num abraço de solidariedade, de coragem, de incentivo como foi aquele jantar de primos há 10 anos, éramos bem mais de 30, mais de 60 braços estendidos para estreitar os sentimentos, as recordações, a vontade de transmitir um pouco de eternidade. E nesse momento sentimos que unidos vencíamos a doença, a dor, o medo, e vencemos.
Agora, aqui, toda a nossa força junta não chegou, a morte venceu, dizem alguns com profundo pesar. Não, dizem outros num tom de voz trémulo de lágrimas, a morte perdeu, venceu a vida, a que teve e a que espalhou em amizade, a prova disso é que aqui estamos, agradecidos e dizendo-lhe um “até breve”
Cheguei a casa, olhei para a minha camisa, não, não está amachucada apenas cheia de abraços, quem me dera guarda-los, na camisa não posso, mas vou guarda-los bem dentro do peito. Espero que não por mais trinta anos para os acrescentar a outros, espero que não seja preciso mais uma despedida para me amachucarem muitas e muitas vezes a camisa.


terça-feira, 7 de julho de 2015

Post.it: Aquela lágrima

O que se passa no interior de uma lágrima? Que ondas, que vendavais, que portos sem-abrigo, que cais sem esperança, que remoinhos de dor. Que saudades, que lembranças. De que caminhos vem cansada, de que sonhos vem abandonada.
Será uma gota de orvalho, caída das noites claras? Será o fechar de olhos do luar por saudades do luminoso sol? Será geada que estremece o inverno? Será a falta daquele quente e terno abraço que a copa das árvores aos ninhos se esqueceu de dar?
É tudo isso, é muito mais, é um retalho do que somos que ao morrer cai,  é uma  lágrima de vida que anseia por ser vivida.
E na transparência que nos ofusca, esconde o que lhe vai na alma, o que lhe vai no corpo. Na sua densidade, na sua imensidade, e no entanto, parece vazia. É o que  pensam os que lhe dedicam apenas um ligeiro observar. Mas não, olhem  bem, aproximem-se, atrevam-se a tocar-lhe com o olhar, escutem-na,  ela tem tanto para contar.  Mas permanece muda, num deslizar quase secreto, de quem nasceu e viveu, apenas e sempre para ser discreta.
 Há água, apenas água, na sua composição, dizem outros sem grande pesar, esses que não lhe auscultam o coração, esses que nunca lhe estendem a mão, que a deixam sem compaixão, deslizar e cair desamparada no chão.
Pessoas, talvez, também com as suas lágrimas. Pessoas que nunca se sentaram ao seu lado, que não a atenderam, que nem sequer por ela pararam. E ela segue o seu destino, de serenidade,  de missão cumprida. Um destino que talvez tenha sido de amar, cuidar, entregar-se a esse querer e acordar, algures, só no amanhecer…


quarta-feira, 1 de julho de 2015

Milagres

Ainda há quem peça milagres,
Quando milagre é existir.
Sobrevivendo às vontades,
De quem nos rouba o sorrir.

Se há milagre que ainda espere,
Se há milagre que ainda queira,
É que a esperança não desespere,
Nem perca a sua vontade pioneira.

Milagre é o dia que adormece,
Com a mais completa sensação,
De que a felicidade acontece.

Quando conseguimos tocar,
Ainda que com ligeira ilusão,
Alguém a quem sentimos amar.