quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

De coração


Estou aqui em tudo o que faço,
Neste mundo em tudo o que sou.
Em quantos de mim me desfaço
Querendo ir mais além do que vou.

Mas se a alma já não bastar,
Se a verdade tiver que mentir.
Peço à vida para me perdoar,
Esta maneira de ser e de sentir.

Tudo o que faço é “decoração”.
E enfeito os dias com sorrisos,
Tudo o que faço é do coração.

Para que a noite possa sonhar,
Com desertos tornados paraísos, 
Onde a felicidade pode repousar.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Post.it: Não tenho jeito para viver

“Não tenho muito jeito para viver”

 A frase não é minha, mas concordo, é preciso ter jeito para viver…
Será que alguém já descobriu a fórmula para melhor conduzir a vida, esse veículo que por vezes nos parece desgovernado, que corta a curvas, que acelera nas retas, que se lança afoito nas descidas e que não desiste de enfrentar com fervor as subidas?
Mas, sim, é preciso ter jeito, encontrar a forma de suavizar as horas agrestes, de tornar mais leves aqueles dias que nos deixam de rastos, com um cansaço milenar de vidas passadas ou  de vidas ainda não vividas.
Claro que também há momentos em que tudo faz sentido, em que por um instante nos parece, que por fim lhe encontrámos o jeito, que descobrimos a regra para ser feliz. É a hora de não ligar a nada, de nos deixarmos ir na maré, de acreditar, de lutar, de ter fé. Porque se aprendeu a lição, não vamos repetir os mesmos erros,  não vamos ser precipitados, impulsivos. Podemos afirmarmo-nos, marcar a nossa posição, esperar que tudo venha ter connosco ou irmos ter com o momento.
Se ao menos tivéssemos uma segunda chance para voltar quem sabe, a errar, ou uma terceira oportunidade para recomeçar, uma outra quarta para tentar acertar. Mas não temos para viver, apenas esta vida, o que aumenta a responsabilidade, o medo que por vezes é um gerador de coragem. Além da certeza de que tudo é incerteza, e que nesse mistério reside a beleza de existir, esse receber uma espécie de prenda, um embrulho nem sempre fácil desembrulhar.
Pode nem ser o que desejamos e mesmo quando é, constatamos depois que não terá sido a melhor escolha para nós, para a nossa vida. Mas tínhamos que tentar, que realizar o sonho em vez de nos limitarmos a sonha-lo. Devíamos isso a nós, à vida, para a construir, para lutar por ela e torna-la, supostamente, melhor.
Esse é o nosso eterno desejo, a nossa efémera utopia. Mas também é essa a nossa força, aquilo que nos define, que nos faz avançar e recuar sempre que necessário, desistir e persistir quando achamos certo. O tempo vai passando, ou melhor vai “voando” enquanto nós, enredados no ciclo infinito de acerto e de erro, vamos tentando, mas tentando mesmo, aprender a ter jeito para viver  a vida que nos calhou em sorte. 


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Post.it: Perdão

Na primeira sessão de ioga de 2015, a professora, desejou a todos um bom ano e num gesto de oferta pediu-nos que escolhêssemos uma carta com mensagens e que ficássemos com ela para nos lembrar o que devíamos fazer neste ano. Vi sair cartas de Perseverança, de Sabedoria… a mim calhou-me o Perdão. Primeiro não a recebi com bom agrado, sim é verdade, há muito perdão que me é devido, que há muito o espero dos lábios calados, de vidas que continuam a seguir em frente sem olhar um só instante para as pegadas mal desenhadas que ficam na estrada.
Foi um breve momento, que me fez viajar por muito pensamentos, até todos eles confluírem para o mesmo rio, o sentido único do perdão
O perdão dado, recebido? O perdão no seu todo, na sua capacidade de entender que nem tudo é  como queremos, nem  todos são  como desejamos, nem  mesmo  os que amamos embora os continuemos a amar. 
Temos que  perdoar o que não é sinónimo de aceitar, de nos submetermos à vontade dos outros. 
Perdoar-nos por não termos atingido os nossos objectivos, por não termos vencido todas as  batalhas. Por não sermos o que esperamos e o que esperam de nós. 
Perdão por não sermos perfeitos apesar de tentarmos melhorar a cada dia. 
Perdão por não sentirmos o que querem que sintamos.
Perdão por não dizermos o que esperam ouvir da nossa boca, do nosso coração.
Perdão pelo que fizemos sem a intenção do sentido que tomou, da dor que causou. Perdão pelo que não fizemos, deixando na espera, na ausência desse gesto quem o devia receber porque lhe era devido.
Mas também o perdão que nos devemos pelos gestos impensados dos outros, que na sua pressa, rotina, indiferença ou mera característica de assim ser, nos laceraram a esperança, a confiança…
Perdão por todos aqueles que nunca o pediram, porque não acharam necessário, porque não se aperceberam das consequências dos seus actos, porque não lhe deram importância, ou simplesmente porque acharam que o perdão não existe, nem o erro, nem a culpa. Que vivemos passando sem nos determos na forma como marcamos o caminho.
Temos sempre de perdoar, perdoar-vos, perdoar-nos, para não deixar que uma dor nos fique indefinidamente a magoar, como um espinho cravado na alma.

“Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros” F. Pessoa

“O fraco nunca pode perdoar. Perdão é um atributo dos fortes” M. Gandhi


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Post.it: 2015 com amizade


Há pessoas que na sua passagem pela nossa vida, nos tocam, nos preenchem, nos completam. Fazem-nos crescer, rir, chorar; fazem-nos querer ter asas e com elas, voar.
Há pessoas que nos ficam algures nos rios celulares da existência, e mesmo quando a memória atenua de lembranças os longos anos, podemos já não recordar o seu nome, relembramos certamente o seu sorriso, o seu carinho, as histórias, os segredos que escrevemos no vento e que o vento prometeu não revelar.
E mesmo aquelas pessoas que na sua passagem, apenas nos deixaram picos de flor, pedras no caminho, mesmo essas, guardamos num recanto magoado da alma, quem sabe um dia, encontramos uma forma de lhes agradecer a chegada, porque agora ainda só conseguimos agradecer a partida.
Há pessoas que só nos tocando com o olhar transmitiram o calor de um abraço amigo. Há pessoas que mesmo nos beijando só com um sorriso, deixaram-nos inscrito no coração, o amor mais puro e infinito.
E não foi preciso encenar as palavras, os gestos, ser estrela da moda, criar cenários, inventar aventuras, oferecer o céu, deitar-se no chão, bastou que existissem e a dada altura, cruzarem-se algures no nosso caminho.
Às que estão, às que vêm, às que vão… A minha estima e admiração.
Ainda me falta conhecer tantas pessoas. Talvez me vá magoar, mas a verdade, é que não sei viver pela metade, não sei erguer muros, criar fronteiras entre mim e a vida. Sou o que sou, bem sei que nunca serei mar mas gosto de ser esta gota de água transportada pela orla marítima. Nunca serei a rocha mas a cada beijo da brisa transformar-me-ei na mais leve poeira e um dia, hei-de subir às nuvens e tocar o esplendor do rosto lunar.
A todas as pessoas, obrigada por esse tempo, que nem o calendário nem o relógio pode quantificar, um tempo que pode ser curto na alma, mas longo no peito e quem diz que tudo o que existe é finito, mente ou não sabe, que quem passa pela nossa vida, para sempre nela fica. Por isso desejo que depois de 2014 continuem comigo em 2015 e todos os anos seguintes no caminho comum da amizade, saúde e felicidade.