quarta-feira, 31 de agosto de 2011


Post.it: I have a dream

Todos nós temos sonhos, pequenos ou grandes sonhos. Todos nós temos o direito de sonhar e o dever de lutar para o concretizar. Sonhos que nos transportam para um mundo irreal, onde por um momento o vivemos como se fosse real. Sonhos que temos acordados, que nos fazem querer chegar mais além, onde só os sonhos conseguem chegar. Mas um mundo sem sonhos, era um mundo sem objectivos, sem desejos, sem força motora para fortalecer a nossa vontade. Quantas vezes nos falta o ânimo, quase desistimos, damo-nos como fracassados nos nossos intentos, então o sonho eleva-nos faz-nos acreditar na sua possibilidade, mesmo que não se concretize no imediato, mesmo que existiam dificuldades para vencer. A vitória pode acontecer e o sonho realizar-se quando menos o esperamos.
“I have a dream” disse M. Luther King. Não chegou a ver o seu sonho concretizar-se, mas teve a coragem de sonhar, de lutar, de deixar esse sonho como herança. Um sonho que permaneceu vivo em todos aqueles que abraçaram esse ideal.
Eu também tenho um sonho, que talvez seja idêntico ao teu…

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Post.it: Devíamos ser pontes



Cada pessoa que conhecemos devia ser sempre uma ponte, um caminho que  nos leva mais adiante, que nos ensina e faz crescer. Devia ser um destino que fazemos com cada pessoa,  já não estando sós. Devia se uma mão  que nos apoia e evita a queda. Um sorriso de luminoso. Um abraço tranquilizador. Uma mensagem  de paz e harmonia.
* Porque sem pontes ficamos reduzidos à nossa solitária margem.
* Sem caminhos ficaremos estagnados e sem futuro.
* Sem apoio levaremos muito tempo a reerguer-nos da queda.
* Sem um sorriso tudo à nossa volta será mais triste.
* Sem a tranquilidade navegaremos na dúvida em busca da certeza.
* Sem a paz de uma palavra amiga estaremos perdidos nas nossas guerras.
* Pode-se viver sem amigos? Claro que sim. Mas a vida é muito mais inteira 
    quando a amizade nos rodeia e nos presenteia com o seu carinho.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Post.it: O beijo


Os lábios estavam ansiosos de beijos, de calar as palavras vazias de sentido para no silêncio proferirem outras, repletas de emoção. Mas o beijo não aconteceu, era demasiado cedo. Ficaram as palavras, cresceram as palavras, aumentou a distância. Os lábios continuavam ansiosos de beijos, mas o beijo não aconteceu, era demasiado tarde. O tempo tem consonâncias e dissonâncias que desconhecemos. O tempo de uns decorre nem sempre numa viagem paralela com a dos outros. E por mais que queiramos acertar os relógios, há sempre um que teima em acelerar ou o outro em atrasar-se no seu compasso individual ao ritmo do coração.
Os lábios permanecem ansiosos de beijos, em busca de outros beijos que os queiram beijar, sem ser demasiado cedo, sem ser demasiado tarde, no momento  certo em que nos lábios o beijo acontece.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Post.it: Faz-me falta


Somos mais do que nós, somos um todo. Um cosmos de certezas e de dúvidas. De lágrimas e de sorrisos. De dias solarengos e outros mais cinzentos. Somos vozes que entoam ou noutros momentos, apenas vozes caladas, quase adivinhadas. Somos sentimentos que afloram, que fervilham. Sentimentos partilhados ou sufocados no mais intimo do ser. “Porque a vida é feita de encontros e desencontros”. É o nosso conflito interior, incoerente, insatisfeito, incompleto. Na eterna busca de harmonia, paz, felicidade, completude. Porque somos na nossa solidão, incessante caminhada em busca do nosso destino. Não o que temos mas o que almejamos.
Enquanto isso, estamos aqui e aqui estaremos. Para além dos outros, para além de nós, dos que permanecem, dos que partem. Estaremos aqui, enquanto o coração bater, enquanto os olhos se abrirem para verem o novo dia. Enquanto o corpo se erguer e caminhar pela estrada da vida.
Estamos aqui e aqui estaremos, mais pobres, mais vazios. Porque perder alguém, deixa-nos sempre sem um pouco de nós. Por vezes esse pouco é aparentemente tão pouco que pensamos não o notar ausente do nosso ser, mas não é verdade. Faz-nos falta, esse pequeno nada que nos deixa cada vez mais sós. Mesmo que seja uma gota de água no oceano. Um grão de areia no areal. Uma estrela na galáxia.
Faz-nos falta porque, enquanto existiu, num momento, seja qual for a sua dimensão temporal, fez-nos sentir mais inteiros.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Post.it: À espera de viver

Somos ilhas procurando continentes. Somos mares procurando areias quentes e macias. Somos navios aninhados no cais. Somos um procurando o outro, essa âncora que nos salve das nossas derivas existenciais.
Tentar encontrar o amor, o sentir que nos completa e enleva, é obrigação de todos. Porque temos o direito de procurar a felicidade, de a esperar e a encontrar, esteja ela onde estiver, nem que seja nessa miragem que construímos em nós. Nesse castelo de areia que a corrente leva insensível aos nossos apelos para o salvar. Ou nesse precipício de emoções, nesse mergulho que desejamos tenha no seu final o início. O princípio da nossa história, aquela que o coração espera para viver.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Post.it: Mais que coincidências

Gosto de pensar que a vida é mais do que nos revela, que é mais do que um caminho, que tem um propósito, um objectivo, que desvenda a cada dia, a cada passo que damos, em cada queda, em cada encontro e desencontro. Seria um vazio existencial pensar que somos apenas uma sucessão de horas, de momentos que se cruzam e entrecruzam connosco por uma feliz ou infeliz coincidência.
É triste existir sem um objectivo que nos mova, sem um sonho por conquistar, sem uma esperança por pequena que seja para alcançar uma estrela no céu, aquela que temos a certeza que é nossa, que nos guia e torna menos escura a nossa noite.
É doloroso sentir que cada pessoa que conhecemos nunca fará parte da nossa vida para a tornar mais rica, ou que outras não permaneçam o tempo suficiente para nos completar um pouco mais.
Peço à vida muito mais, que cada nuvem não seja apenas passageira, mas a fonte de água que vai tornar o rio mais cantante, encher o mar para que fique mais ondulante, fazer desabrochar a natureza e florir o jardim da nossa existência.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Post.it: Raízes



Aquilo que nos prende à terra, que nos prende à vida. Estreitamos raízes, estendemos raízes, criamos raízes nos laços com quem nos envolvemos, com quem partilhamos momentos e criamos sementes de vida para o surgimento de novas raízes. As raízes são braços por onde corre a seiva que quer ir mais além, na luta do que quer resistir às intempéries, suplantar os obstáculos, fortalecer-se para sobreviver. São a força impetuosa da natureza que não se deixa aprisionar. Corajosa permanência, presas à terra, estão sempre a estender-se para chegar a novos lugares. Para chegar à vida. Porque viver tornou-se a sua única vontade, o seu mais alto desejo. A sua busca incessante. Olhando para toda esta energia, vitalidade, força e luta, questiono-me que beleza terão encontrado na vida que as faz querer alcançar a eternidade? 
Talvez tenham descoberto o segredo, aquele que permanece encerrado nos confins do universo: que só a perseverança consegue conquistar a mudança. Porque tudo na vida tem resolução, mesmo que demore a acontecer.
Que só a capacidade do querer nos faz chegar mais longe, a esse lugar onde mora a felicidade.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Post.it: As horas


Entre nós sempre as Horas. As que marcamos e não cumprimos, as que chegamos na hora marcada, mas o momento passou, antecipou-se. Entre nós sempre as horas, as que demoras a marcar, com receio de fracassar nelas. Entre nós as horas, as que passam por nós e que se gastam não sabemos onde. Entre nós, sempre o amor, que vivemos em separado, com o coração magoado.
Entre nós sempre o Amor, sentido, esperançado ou aquele outro que espera, numa espera de horas que já o deixam cansado.
Entre nós sempre os Anos, que vão passando, já sem planos para não padecer desenganos.
Entre nós sempre os anos que se vão preenchendo de horas, de amores, de momentos roubados à vida.
Entre nós os anos, que não vivemos enquanto sofremos pelos anos que passaram e por todos aqueles que ainda não chegaram.
Entre nós sempre um Rio, porque somos apenas margens, nunca nos encontramos no mesmo lado do coração, ficamo-nos olhando na distância.
Entre nós sempre um rio que segue o seu percurso enquanto leva na força da corrente os sonhos já não sonhados.
Entre nós sempre uma Ponte e a dúvida, se ela nos une ou marca a separação.
Entre nós sempre uma ponte que hesitamos em atravessar.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Renascer

Hoje desfiz-me,
Desmanchei-me por inteiro.
Depois refiz-me,
Sem norte ou paradeiro.
Livrei-me de todas as marcas,
De todas as lembranças.
Das mais pesadas arcas,
De tão ingénuas esperanças.
Nada quero do passado,
Do que fui, do que sou.
Que mantêm o destino parado,
Num porto onde me ancorou.
Preciso dum barco para partir,
Preciso de navegar.
Não tenho para onde ir,
Nem tenho onde ficar.
Vou por esse mar,
Quando a onda me estender,
Um embalo para abraçar,
A coragem de renascer.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Felicidade

Felicidade,
Tem aquele condão,
De brincar com o coração,
E semear a saudade.

Felicidade,
Tem o dom de fazer sorrir.
E nos impede de fugir,
Quando nos rouba a liberdade.

Felicidade,
Que nos controla e cativa.
Quando nos deixa à deriva,
Na confusão desta cidade.

Felicidade,
Pode ver-se num olhar,
Onde o sol permanece a brilhar,
Pela  nossa  eternidade.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Esta ponte

Esta ponte
Feita de sonhos.
Esta ponte
Feita de medos.
Lembra-me os teus olhos
Tão cheios de segredos.
Duas margens desunidas
Que uma ponte ligou.
A solidão de duas vidas,
que o destino juntou.
Mas a ponte é um caminho
e sempre uma passagem.
A lembrança dum carinho,
que se perdeu na viagem.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Desencontro

Que sei sobre ti?
Tens um rosto que apenas visionei,
Um corpo que não abracei,
Mãos que nunca acariciei,
Um coração que nunca amei,
Um olhar que nunca me deste,
Um sorriso que não me ofereceste,
Uma voz que mal escutei,
Lágrimas que não sequei,
Emoções que não me contaste
Recordações que não criaste
Sei apenas que um dia te vi…

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Post.it: A velha e o mar


Se eu visse mais além da linha do horizonte, por esse mar adentro, por onde se me naufragou o coração quando se afundou com o teu. Partiste, tão jovem, se me visses agora, o meu rosto onde o tempo cavou rugas, caminhos por onde desceu a saudade, derramada em tantas lágrimas que aumentaram este mar que um dia nos separou. Se me visses agora, ainda terias desejo de voltar para o cais do meu peito? Este cais que tantas vezes te abrigou dos ventos e vendavais para ser o teu refúgio. Lembro-me do teu olhar marinheiro sempre distante como quem sonha. O que sonhavas, questionava, envolta no ciúme, quem sabe com outro cais? Sorrias com uma tranquilidade de maré, “sonhava com o dia em que ancorarei na tua praia e jamais terei que partir". 
Agora, fico aqui neste porto que te viu partir e nunca mais regressar. Permaneço aqui presa, não na esperança, mas neste mar que se tornou o teu lar, e neste porto onde a minha alma se aportou.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Post.it: O baloiço

Dizem que voltamos sempre aos lugares onde fomos felizes. É uma necessidade quase uterina, o regresso, a recordação. A comparação do antes e do agora, a mudança. A sensação de grandeza, parece que tudo diminuiu de tamanho, quando afinal fomos nós que crescemos. Esses lugares, onde corremos, onde sonhámos não com o futuro, mas com a próxima aventura. Porque é-se assim na infância, despreocupado, corajoso, com desejos possíveis, que nos fazem saltar da cama mais cedo que o sol, e correr enquanto ele corre atrás de nós com medo que lhe roubamos o lugar no céu. E roubaríamos, tal é a nossa energia, “se pudéssemos voar”. E voamos, abrimos os braços e deslizamos pelo monte abaixo, rompendo o vento. Esse monte que agora nos assusta pela sua dimensão e perigoso declive. Quando é que perdemos o gosto pela aventura, quando é que começámos a ter medo? Esse medo que nos limita, enclausura. Confortamo-nos, com débeis justificações, dizendo que ganhámos juízo, será essa a razão?
Observo o parque vazio, toco com ternura aquele baloiço de madeira carcomida, agora vazio, abandonado. Já foi o meu palco de ilusões, sonhei voar e voei, toquei o céu, senti o infinito agarrei-o na mão, guardei-o no coração. Hoje só recordo o final da viagem, a queda, o braço partido. Mas naquele momento que durou a infinidade de uns segundos, senti a liberdade do corpo e da alma.
Empurro-o com nostalgia, velho amigo, não te culpo das minhas desventuras, culpo-te de não teres continuado a baloiçar dentro de mim, de me teres abandonado, de me teres deixado partir, de não teres esperado por mim, brilhante, de madeira polida, como se o tempo não tivesse passado.
Mas passou, hoje, ofereces-me um último baloiçar, num silêncio triste. Sento-me receosa que não suportes o meu peso no teu acento enfraquecido. Permaneço, recordo. Obrigada, velho amigo, pela infância que me permitiste ter, agora sim é hora de partir mas sem nunca te dizer adeus, afinal, fazes parte do que sou.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Post.it: Cheguei atrasada


Cheguei atrasada, dizia desolada. Cheguei atrasada, eu que sou sempre tão pontual, cheguei atrasada! Repetia constantemente.
Depois de tantos lamentos entendi a situação e tentei explicar-lhe: Que ninguém chega atrasado à Vida. Estamos sempre no tempo certo, aquele que temos que viver. Podemos chegar tarde a certos acontecimentos que compõem o nosso dia-a-dia, mas talvez mesmo assim não estejamos atrasados. Lembro-me de ter lido a história de um americano que atrasou-se para o emprego, ficou aborrecido, porque todo o seu dia iria ser diferente, e foi. Porque nesse dia as Torres Gémeas foram atacadas e com isso perderam-se muitas vidas, mas não a sua. Somente porque chegou atrasado. 
Pensando bem será que não chegamos na hora certa, aquela que é a nossa hora? Se esta minha amiga tivesse chegado a tempo, àquele encontro, podia, talvez ter mudado a sua vida, teria dado um passo em direcção à felicidade ou quem sabe pelo contrário? Nunca o saberemos mas não nos preocupemos demasiado com o relógio, contudo não descuremos os nossos compromissos, adiando o tempo. Não usemos esta ideia de que tudo acontece na hora certa como desculpa para não ser pontual. 
Porque a hora certa pode passar ao nosso lado enquanto estamos distraídos com coisas a que nos apegamos para não termos que lutar por novos caminhos.
Os novos caminhos obrigam a novas decisões e, para além da dúvida que a novidade sempre encerra, há uma certeza, a dor de cortar cada (cordão umbilical) a que nos agarramos. Uma falsa segurança. Porque a vida vive-se sem rede por baixo. No entanto, não há maior vitória do que aquela em que nos enchemos de coragem e caminhamos para o futuro, deixando para trás o passado. Quem sabe esteja na hora? 
Não podemos deixar de agir só porque achamos que já é tarde demais. Nunca é tarde demais enquanto aqui estivermos estamos no tempo (certo).

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Post.it: Nasceu uma criança

Hoje uma criança vai nascer num país pobre. A mãe que a acalentou em si durante os meses de gestação, sonha abraçá-la, alimentá-la, confortá-la, cuidar dela, dar-lhe o  de melhor de si. É uma mãe igual a tantas outras, que existe em qualquer lugar do mundo, com os mesmos desejos de felicidade para a sua criança. Mas nem esses actos mais básicos que são a estrutura da vida humana, essa mãe, lhe pode dar. A humanidade é una nas suas características, é una nos seus desejos de prosperidade, é una nos seus direitos, mas o mundo tem as suas cisões, as suas desigualdades. Hoje uma criança vai nascer num país pobre, vai nascer sem privilégios, sem direitos, sem sonhos, sem esperança, por berço, terá o colo materno, por roupa, os braços quentes da mãe. Por alimento, o parco leite dum corpo mal nutrido. Hoje uma criança vai nascer num país pobre, talvez consiga crescer, talvez consiga aprender a sorrir, talvez até consiga sonhar, com um novo amanhecer.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Post.it: Curta a vida



Para quê:
- Questionar tudo o que acontece e o que não acontece?
- Viver buscando no infinito o que não alcançamos?
- Cultivar angustias e regá-las com lágrimas salgadas?
- Travar lutas das quais nunca sairemos      vencedores?
- Viver no passado com medo do futuro?
- Desistir de começar com receio de fracassar?
- Dizer não quando o coração diz sim?
- Dizer sim quando a razão diz não?
- Interrogar a vida em vez de a viver?
- Adiar a decisão com temor da conclusão?
- Trilhar caminhos que já sabemos onde vão dar?
- Insistir no erro que sabemos errado?

Não complique, não queira que tudo se explique.
“Curta a vida porque a vida é curta”

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Post.it: No canto da circunferência

Sozinha no meio da multidão, por entre vozes que nada lhe dizem, que lhe deixam a alma vazia. Nesse mar feito deserto de paixões, nem um oásis se vislumbra. Caminhos, tem tantos, mas nenhum lhe parece uma opção. Todos eles a levam para o mesmo labirinto existencial. Quando o sol já se apaga e o luar ainda demora. As luzes da cidade apenas criam mais escuridão. Será lá fora, será em si, tem tantas perguntas, mas tão poucas respostas. Caminha devagar, cumprindo mais um final de dia que é para si o começo. Vive na esquina da vida, ali onde o amor e desejo se cruzam sem se tocarem. Encontros instantâneos de nada que a mente idealiza, como um princípio que não o chega a ser. Rostos sem nome, incógnitos nas sombras da noite. Quando os primeiros raios da manhã varrem o que resta das silhuetas, a vida sem pressa arruma-as por mais um dia, num qualquer canto da circunferência.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Post.it: Esse amanhã

Nada sei sobre o amanhã, e essa inconstância não me cria angústias, antes a sinto como um desafio de surpresas.
O amanhã é para cada um de nós a Terra das oportunidades, aquela em que podemos construir algo novo ou melhorar o já existente.
O amanhã pode trazer-nos encontros, sonhos, promessas, esperanças. Passos que acompanharão os nossos, que lhes darão novos rumos.
Quando nos deitamos na noite fazemos esboços de luar para o amanhã, quem sabe ele nos traga a infinitude dos nossos desejos.
Porque foi num amanhã que podia ser igual a tantos outros que nasceram todos os momentos que celebramos. Com a alegria de não sabermos no dia anterior que esse amanhã, tornaria o hoje especial, tão especial que em vez de se converter em passado transformou-se no futuro.
É isso que nos faz adormecer, desejar que o sono venha, para encurtar a noite até esse amanhã que recebemos de braços abertos como quem recebe o seu melhor amigo, aquele que nos faz sentir que vale a pena viver cada dia para que ele nos presenteie com um novo amanhã.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Post.it. Maria Mar

Podia ser este o seu nome, cresceu no embalo das ondas entre os abraços do mar e a areia da praia. Tinha uns olhos de céu e um sorriso luminoso. Era feliz a Maria, mas foi mais feliz no dia em que lhe ofereceram uma prancha de surf. Agora sim podia voar nas ondas, agora sim podia percorrê-las em toda a sua extensão, perceber o mistério da sua densidade e acariciar-lhes o corpo de água.
Era feliz a Maria Mar, mas foi ainda mais feliz quando reconheceram que surfava tão bem como uma sereia nadava no mar.
Era feliz a Maria Mar, conhecia os ventos e as marés, o oceano não tinha segredos para si, ou talvez tivesse. Descobriu-o da pior forma, que o seu grande segredo era a exigência de respeito.
Maria Mar desafiou o mar e perdeu, perdeu quase tudo restando-lhe apenas um fio de vida.
Por dias, meses e anos, criou o seu mar, também ele salgado, também ele solitário.
Até ao dia em que abriu a janela do seu quarto e o reencontrou. O mar permanecia sereno, anelante, quase silencioso, com receio de a perturbar. Agitou-se ao vê-la, que saudades daquela ninfa, de a sentir, de ver o seu espírito de rebeldia e o  seu riso cristalino. Então cresceu no seu alento e da maior calmaria criou a maior onda que todo o mar já vira e depositou-a com doçura na beira da sua janela. Maria Mar pensou por momentos que estava de novo a chorar, ao sentir deslizar do seu rosto gotas de água, depois percebeu que não eram lágrimas mas ternos beijos que o mar lhe oferecia. Maria Mar descobriu novos motivos para se sentir feliz.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Post.it: Férias cá dentro

Estamos em Agosto, Portugal vai a banhos se a crise deixar e o tempo ajudar. Portugal vai a banhos “cá dentro”, dentro de casa, com mergulhos na banheira que voltou a estar na moda substituindo o polibã. Uma espreguiçadeira na varanda e uma coca-cola bem geladinha por debaixo da sombra de uma palmeira de plástico. Para parecer mais época de lazer, não esquecer de desligar o telemóvel, o pc e a tv. Para manter a boa forma cerebral, ler: todas as revistas cor-de-rosa, porque os livros estão caríssimos. Para não perder a boa forma física, conquistada à custa de muitas horas no ginásio: subir e descer 100 vezes a escada do prédio.
E por um mês, um mês inteirinho, vamos fazer de conta que tudo está bem e que estamos de férias no paraíso.
Aproveitem sobretudo a companhia dos amigos, para uma boa conversa e para muitas gargalhadas, enquanto rir não paga imposto e a amizade é grátis.
E já agora, Boas Férias....


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Post.it: Nunca desvalorizes Ninguém

Ninguém era alguém que apenas queria ser ninguém. Já tivera heróicos sonhos de querer mudar o mundo. Mas ninguém pode mudar o mundo sozinho. Ninguém amou alguém que não amou Ninguém. Por isso partiu um dia, quando descobriu que ninguém pode amar alguém sozinho.
Fez-se à estrada, fez-se à vida, venceu os seus medos, derrotou os seus fantasmas e tornou-se alguém. Alguém que todos veneravam e queriam ter como amigo. Até que um dia estando de novo pobre e doente, Ninguém, precisou de alguém, mas não tinha ninguém. Então percebeu que para ser esse alguém, preferia ser ninguém. Passados anos, muitos anos, o sol voltou a brilhar no seu horizonte e Ninguém voltou a sorrir, afinal, até Ninguém tem o direito de encontrar Alguém. E encontrou, encontrou a felicidade nesse Alguém que também se julgava ninguém. E que desta forma passou a ter alguém que anteriormente era ninguém, no seu coração.