quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Post.it: A primavera da vida

Fizeram-nos acreditar que o verdadeiro amor só acontece uma vez. Que surge no momento certo, na hora marcada.
Fizeram-nos acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Esqueceram-se de nos dizer que afinal nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta.
Fizeram-nos acreditar na fórmula mágica para a felicidade amorosa, quando dois se tornam um. Que as duas pessoas têm de ter tudo em comum, pensar do mesmo modo. Esqueceram-se de nos dizer que a isso se chama: anulação.
Fizeram-nos pensar que os bonitos e magros são mais amados e melhor sucedidos profissionalmente. Esqueceram-se de nos dizer quais os riscos que a nossa saúde pode correr com as dietas loucas que se fazem.
Fizeram-nos acreditar que se estudarmos muito chegaremos a doutores. Que se formos doutores arranjaremos bons empregos e ganharemos rios de dinheiro. Esqueceram-se de nos dizer que devemos fazer algo que nos realize e que o mercado de trabalho para doutores está esgotado.
Fizeram-nos acreditar que se fumarmos e bebermos no nosso grupo de amizades seremos considerados adultos e bons amigos. Quando na verdade se nos exigem tal comportamento mostram que não merecem a nossa amizade.
Fizeram-nos acreditar que roubar faz de nós destemidos heróis, quando apenas nos tornamos marginais.
Não nos contaram que estas fórmulas de "felicidade" podem criar graves problemas no nosso futuro. Que nos frustram, alienam e deprimem. E o pior é que cada um de nós só vai descobrir tudo isto muito mais tarde.

A primavera da vida é bonita de viver
tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover.
Para mim hoje é Janeiro está um frio de rachar.
Parece que o mundo inteiro se uniu pra nos tramar (Rui Veloso)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Post.it: Solidão

Aquela em que quando despertamos  nenhuma voz nos dá o bom dia.
A que fica quando os filhos saem de casa seguindo o seu rumo.
Quando o companheiro parte da vida ou para outra vida.
Quando os pais mudam para outro lar.
Ou a que sentimos quando o fiel amigo de quatro patas deixa de
 saltitar ao nosso lado.
De repente a solidão torna-se uma companheira, a companheira
que ao longo da vida desejámos, que não nos desarruma a casa,
não deixa o champô  destapado, a tampa da sanita levantada, as
roupas espalhadas pelo chão.
Amiga que não invade o espaço, não nos enche o roupeiro e
as gavetas, que não coloca os seus livros de histórias junto
com os nossos livros de História, que não controla o televisor,
que não monopoliza o pc.
A solidão que deixa-nos ouvir a nossa música num tom suave
sem que as paredes estremeçam, que nos deixa ver um filme
sem interrupções.
Mas esta nova companheira tem um problema, vai crescendo,
vai-se instalando, vai controlando e esvaziando os nossos dias,
as nossas emoções e desejos. A casa passa a ser sua.
A música que ouvíamos já não nos apetece escutar.
Habituamo-nos à sua música composta de silêncio.
Uma absurda saudade invade-nos, absurda porque sempre a
criticámos. Cresce a saudade das vozes, dos risos, da
desarrumação que nos chateava, mas que no fundo despertava-nos
da inércia e dava sentido à nossa vida.

Post.it: Viver

Viver é partir todos os dias um pouco e, nesse partir, descobrir novos caminhos e erguer novos projectos, com a confiança que nos dá tudo o que deixámos construído para trás, como um rasto, uma marca, um sinal de que passamos por aqui e fizemos alguma diferença.
Aprendi que viver é chegar, permanecer, construir e continuar. E, nesse viver, descobri que nenhum dos meus passos foi em vão e cada um ensinou-me a reconhecer como é precisoso este caminhar e como pode ser vazio e triste ou cheio de sentido e entusiasmo. Tudo depende do que estiver disposta a dar e a receber, do que conseguir procurar e partilhar, do que quiser ser e viver.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Post.it: Douro

Recanto de Portugal, jardim do mundo. Pérola que espera a descoberta, o reencontro com a alma escondida por entre penedos e escarpas, de encostas quase inacessíveis aos passos humanos.
O olhar citadino espreguiça-se de deslumbramento na amplitude  verdejante do Douro, onde o homem fez da rocha terra arável, construiu muros, armou a encosta e os socalcos. Plantou a vinha seguindo as curvas de nível e colonizou o solo.
Acompanhando as altas margens, o Rio Douro desliza entre o silêncio e a infinita espera. Aguarda a maturação das uvas para depois as transportar no seu terno embalo. Uvas que se transformam em vinho, o Vinho do Porto que inunda o mundo com o sabor lusitano.
Mas  história é feita de mudança e o passado torna-se cada vez mais distante, os barcos Rabelo que outrora navegavam no Douro carregando as pipas de vinho, são agora uma memória que apenas  se revive nos passeios turísticos. Numa viagem pelo rio que nos revela e encanta com a beleza deste país, onde a paisagem é continuamente uma dádiva da natureza.


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Post.it: Pedras no caminho

Tenho uma inquietude no peito, nas mãos, no olhar, tenho inquietude nas palavras, nos sonhos e desejos. Acho que já nasci assim com pressa de viver tudo de uma vez. Talvez tenha sido hiperactiva, um conceito que está na moda mas que naquele tempo não se ouvia falar. Entretanto, corria, saltava, subia às árvores, esfolava os joelhos dez vezes por dia. Os crescidos diziam, isso passa com a idade. Mas não passou, continuo a correr, por vezes ainda subo e desço muros que me querem limitar o caminho. Tropeço nos obstáculos da vida e esfolo o coração. O que não me impede de recomeçar, secar as lágrimas e reerguer o sorriso, de voltar correr e saltar sem ler as placas de aviso “Abismo à frente”…

Mas como diria Fernando Pessoa


“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…”

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Post.it: Cupido sem pontaria

Enviei um e-mail para o Olimpo, pedindo a intercessão dos deuses. Depois de analisarem o meu pedido encaminharam-me para o Cupido esse pequeno deus do amor. Mas o garoto apesar da boa vontade manifesta não atina na pontaria. Cupido, jovem e irreverente amigo, digo-lhe contendo a impaciência - Está ali, mais para a esquerda, bem,  acho que ele é como eu, mal distingue a esquerda da direita. Eu fui uma esquerdina impedida de o ser durante muito tempo por questões culturais e outras que tais, agora tu, Cupido que desculpa alegas?
Está ali, não vês? É fácil de identificar, tem no rosto a solidão marcada e um sorriso permanente  que desenhou para esconder o sofrimento, as suas mãos foram concebidas para aninhar as minhas, o seu coração tem o meu nome, mas ainda não o descobriu. Tem sonhos que juntos podemos realizar, voos que juntos podemos voar. Vá lá Cupido acerta-lhe de vez, diz-lhe que estou aqui para lhe devolver a leveza de viver.
Decididamente é uma tarefa difícil, até para um deus do Olimpo. Será que o Cupido sofre de miopia ou míope ando eu?
Vou reflectir um pouco sobre o assunto…

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Do longe se fez perto


Para este lado do mundo:
Do outro lado do mundo, para este e oeste, há quem ame, quem chore e ria, quem se alegre e desespere. Deste e do outro lado do mundo, elevam-se sentimentos e preces, esperanças e sonhos, desejos e vontades de encontro e realização.
Não importa o lado do mundo, ou o país: Portugal ou Espanha, EUA ou Canadá, Venezuela ou Brasil, China ou Malásia, Austrália ou Nova Zelândia, Marrocos ou África do Sul, este ou aquele país, seja de que continente for, é terra onde vive gente que sente como nós e caminha ao nosso lado, à curta distância de um clique.
Tão longe, para lá de oceanos e continentes, e tão perto que quase é possível tocar!
É muito bom saber que vamos acompanhados e que, para lá das diferenças, há uma linguagem comum - a do encontro e da esperança.

For the others sides of the world:
In the other side of the world, for east or west, their are people who love's, who cry's and laugh's, who's happy or despair's. In this or the other side of the world, are raising feelings and prayers, hopes and dreams, wishes and desires of meeting and realization.
It doesn't meter the side of the world or the country: Portugal or Spain, USA or Canada, Venezuela or Brazil, China or Malaysia, Australia or New Zealand, Morocco or South Africa, it’s land where are people who  feel’s just like us and walk’s by our side, in a minimal distance of a click.
So far away, beyond the oceans and continents, but so close that we almost can touch!
It’s so good to now that we are'nt alone, that in spite of differences, there is a common language – the one of meeting and hope.

Post.it: Tempo perdido?

Já me dizem que ando nostálgica, que só encontro histórias tristes para contar, mas não as sinto assim, fazem parte do viver humano. São histórias de corações que batem ao ritmo das emoções.

Hoje lá estava eu, no mesmo café, enquanto que num canto, três mulheres mantinham-se quase discretas, se não fossem os soluços mal contidos, as lágrimas que o lenço não secava. As amigas escutavam, acalmavam, mas era em vão, ela repetia incessantemente "dediquei 30 anos da minha vida aquele estupor!, foram 30 anos deitados à rua, 30 anos perdidos"
Não sei quem era, nem o seu nome, sabia apenas que era alguém que tinha perdido 30 anos da sua vida...
Mas será que os anos se perdem?
Prefiro pensar que os anos se vivem, com altos e baixos, curvas e rectas. Claro que há momentos em que somos confrontados com uma realidade que não é a desejada, que olhamos para trás e nem tudo foi como sonhámos.
Mas não podemos negar que foram anos vividos, sentidos em cada instante, que construímos um lar, o nosso porto de abrigo, o nosso conforto no final do dia; construímos uma família onde renovamos a nossa energia e recarregamos as nossas baterias de amor e carinho.
30 anos perdidos? não! 30 anos partilhados no dia a dia em que se acorda naquele abraço, em que o silêncio dos sonhos é invadido pela correria das crianças ávidas de atenção. E depois do trabalho que nos consome outras energias, o regresso a casa ao reboliço infantil e aquele eterno abraço, companheiro, cúmplice de risos, discussões e cansaços.
30 anos deitados à rua, uma vida que teve os seus momentos áureos, as férias, as festas e tantos outros. 30 anos perdidos, 30 anos esquecidos. Agora é preciso encontrar outros 30 para recomeçar a viver...

Post.it: Um amor firme

Feito de encontros e desencontros. De solidão, de um mar que sai dos olhos. Dum vazio nas mãos, de ausências a que se vai habituando, do receio de  perder o pouco que tem, de chegadas e partidas.
Um amor feito de suspiros contidos, de olhares escondidos, de sorrisos ensaiados, de sonhos adiados.
Um amor feito de palavras diferentes das que o coração precisa de ouvir. De tormentos e momentos que não são o suficiente para estar feliz nem o insuficiente para partir.
Masoquismo? Talvez
Obsessão? não o nega
Falta de auto-estima? Também
Mas no seu olhar que ainda quer ver um arco-iris, prefere chamar-lhe: Um amor firme!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Post.it: O trabalho também faz bem à alma

Há quase 4 semanas que se me acabaram as férias. Vencida a inércia do “dolce fare niente” do mês de Agosto, a retoma da dor e do prazer do trabalho é sempre um tempo de expectativa e de pôr à prova a força de vontade e a capacidade de ainda querer fazer mais e melhor, num novo ano que mal começou e já se adivinha cheio de desafios e novidades, ou, se puser os óculos escuros, cheio de novos problemas e aborrecimentos para enfrentar e resolver. A primeira hipótese é a que prefiro – gosto do lado iluminado da vida e aprendi que, por vezes, temos de ser nós a criar a luz e a mantê-la acesa, com a nossa boa vontade e o nosso esforço. Esta atitude revela-se de grande valia quando aplicada ao trabalho, pois transforma as tarefas e obrigações em construções e metas a alcançar, tornando-nos peças importantes no todo de que fazemos parte e cuja qualidade também depende do nosso trabalho e da forma como o fazemos e vivemos.
Vem isto a propósito da satisfação que senti hoje ao descobrir frutos palpáveis do trabalho que realizei no ano anterior, uma alegria que faz falta sentir de vez em quando e que me permite continuar a acreditar que o meu trabalho tem valor e lança sementes de futuro.

Post.it: Vontade de cantar

Ah! Esta vontade de cantar, de rir e confiar!... Está em mim desde o amanhecer, dura até ao deitar e aparece mesmo quando estou a sonhar. É dificil de compreender e mais ainda de acreditar, mas é real e eu sei donde vem e quem a traz.
E deixo-me levar nessa vontade - canto, rio, confio - e agradeço, esperando que ela cresça e se faça minha e eu possa merecê-la para sempre.

Post.it: Amizades silenciosas?

Amigos silenciosos? Como definir tal categoria?
Segundo a explicação dada, é aquela pessoa que está algures no espaço universal, em silêncio. Aquela pessoa que não nos “melga” o juízo com conselhos e infinitos avisos “eu bem de te disse que ele não era para ti”. Que respeitando o seu silêncio não nos diz “hoje estás com um ar horrível!”, ou  então, “quando é que inicias a tal dieta?”
Mas também é aquela amiga que não nos desafia para uma boa tagarelice, para uma caminhada para espairecer. Aquela que não nos telefona para saber se estamos vivos. Que não nos bate à porta e nos oferece uma canja de galinha e um sorriso, que, segundo dizem,  faz milagres para curar aquela maldita gripe que parece que veio para ficar.
Amigas silenciosas/amigas virtuais? Que nos mandam um olá por e-mail ou sms?
Chamem-me antiquada, mas gosto tanto de ouvir uma boa gargalhada, de sentir um beijo sonoro na bochecha, de receber e dar um abraço de incentivo. Daquele telefonema que rasga o silêncio e nos traz uma voz conhecida. De me ver reflectida nos seus olhos, de trocar histórias, trocar sonhos, ambições, fracassos e vitórias.
Ou apenas ficar em silêncio, mas um silêncio que tem som,  calor humano, que tem luz, a luz que irradia da amizade “real” e verdadeira...

"Cultivar um verdadeiro amigo requer dedicação e tempo"

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Post.it: Nostalgias

Hoje estou numa de nostálgicas recordações. Não sei se é por ser Setembro, quando acabam as férias e partem os amores de verão, se é apenas por ser segunda.
As fases da história, da nossa história, lágrimas, sorrisos, derrotas e vitórias, faz tudo parte...
Quando os óculos de sol invadiram as praias ao som duma canção com o mesmo nome, também fui na onda, pré-adolescente, mas já de coração palpitante, começava cedo a ocultar "o meu sofrer" por detrás das lentes escuras. Desde aí, nunca mais os larguei, uso-os no verão, uso-os no inverno, qualquer dia até os uso dentro de casa. Não sei se é necessidade, vicio/mania ou porque todos os modelos me ficam super bem.
Mas por vezes pergunto-me, quantos conhecem o meu olhar?
Enfim nostalgias de longínquas maresias...

http://www.youtube.com/watch?v=ecqtpJTwRtg

domingo, 19 de setembro de 2010

Tarde luminosa

O sol faz brilhar o céu e o mar,
reflectindo luz em todas as direcções.
Uma tarde perfeita para passear,
dar a mão e guardar recordações.

O horizonte esbate-se no azul prateado
abraçando barcos que chegam e partem
Nuns, vem o fruto do trabalho realizado
Noutros, vai quem não sabe se vem

Tal como quem passeia na praia,
com o peso da vida que já viveu
e vai marcando seus passos na areia,
lamentando não poder chegar ao céu.

No mar e em terra, as gaivotas voam baixinho
e piam, piam, como se lhes quisessem contar
que, para ir ao céu, basta encontrar no caminho
as razões certas para abrir asas e voar.

Post.it: Esse toque de asa

Voámos, voámos tão alto quanto as nossas asas o permitiram. Rasgámos horizontes, tocámos o infinito. Desenhámos corações no vento, escrevemos os nossos nomes nas nuvens. Mergulhámos no mesmo mar, pescámos juntos o mesmo peixe.     

Hoje, olho para ti, mas não encontro o teu olhar! Partes, despedaçando o meu sentir.

Lágrimas? Também as choro, quando me escondo por entre as asas.

Voltarei a voar? Talvez, mas cada pedaço de infinito traz-me lembranças de outros voos partilhados.

Sem a alma que me anima e que parte sem despedida, sou apenas uma ave com a asa ferida...

sábado, 18 de setembro de 2010

Post.it: Auto-estima

Crescemos com humildade, com timidez, envergonhadas por desejar um espaço que nunca é completamente nosso. Crescemos e secundarizamo-nos, habituamo-nos a colocar todos os outros em primeiro lugar, os pais,os filhos, os irmãos, os sobrinhos, os amores, os amigos, etc.
Será generosidade? Acreditamos que sim e instalamo-nos comodamente nesse sentimento. O tempo passa e essa maneira de ser torna-se a nossa, somos assim, dizemos...
Mas não somos! Não devemos ser, somos importantes. Para quem? Para nós, que importam os outros?
Porque um dia, há sempre um dia, em que aqueles que colocámos em primeiro lugar não estão lá para nós.
Mas a nossa auto-estima está, dando-nos o seu melhor sorriso, fazendo-nos saltar da cama, vestindo-nos a melhor roupa e convidando-nos para um lindo passeio.
Por isso temos que cuidar dela para que ela cuide de nós...  

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Post.it: De que são feitos os dias?

Que nos traz a precoce madrugada quando o dia ainda se espreguiça?, o silêncio, a brisa, um pássaro que se surpreende com a matinal presença e me brinda com um bom dia repenicado.
No café as vozes dormentes dão um cumprimento emudecido, cheira a pão quente, a café acabado de fazer. O jornal sobre a mesa relata noticias amargas. O mundo gira com esforço, e ainda é muito cedo para encarar a crise económica e social. Os meus olhos repousam por momentos nos rostos anónimos, pessoas com pressa de chegar e de partir. De que são feitos os dias de cada um? Da criança que está ansiosa para ir para a escola e reencontrar as coleguinhas; do homem que ajeita a gravata de modo ansioso, deve ir a uma entrevista de emprego, e da jovem elegante que depenica o croissant com vontade de o devorar, mas não era chique.
Um  casal idoso entra devagar,  escolhe um mesa de canto, não quer proximidade com o grupo de adolescentes que contam as historias das férias, precisam de tranquilidade, de comer devagar, de saborear a torrada, porque a vida foge se não for apreciada.
As horas num compasso impiedoso chamam à realidade os mais distraídos, que saem   a correr para levar os filhos à escola, os jovens correm tentando simultâneamente colocar as mochilas no ombro. O homem do nó da gravata apertado rendeu-se ao incómodo e saiu com o passo decidido de quem vai conseguir atingir os seus objectivos, a jovem elegante suspira e opta pelo copo de água em detrimento entre o resto do bolo, beleza a quanto obrigas!
A vida corre lá fora, cada história prossegue…
O meu olhar esquecido regressa ao interior do café, alheios a tudo o casal de idosos continua  o seu pequeno-almoço, olham-se nos olhos e sorriem, como se dissessem, já fomos assim, apressados, agora, finalmente temos tempo para saborear a vida e esta torrada está deliciosa...


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Post.it: Um barco em terra

Ericeira
Tinha um pôr-do-sol que enchia os olhos. O mar no seu eterno ondular acalentava os sentidos. A praia quase deserta adormecia na penumbra. A brisa marítima trazia odores de mar e de marinheiros. As gaivotas no seu voar entoavam a melodia dum regresso a casa.
Eu, que outrora naveguei por estas águas, que me deixei embalar pelas suas ondas e adormecer no seu sussurro, estou hoje em terra!
Puseram-me o nome de Luar de Agosto, mas sinto-me cada vez mais um fim de Dezembro...
Que saudades de navegar, que saudades desse mar, dos pescadores na sua faina.
Puseram-me em terra, esmoreci.
Ao longe chamam por mim,  vozes dum  mar infinito,  sereias a cantar...

Post.it: A metade da laranja

Eles não sabem nem sonham, que o sonho comanda a vida…
O sonho de se ser feliz  e uma  felicidade é sinónimo de amor.
Um amor recíproco entre duas pessoas que se completam e harmonizam.
Foi assim  na história da humanidade, claro que nem sempre se chamou amor a esta união, foi um negócio de famílias para assegurar a estabilidade económica, garantir a descendência e certificar a honra geracional.
O amor era um sonho que ia adquirindo o seu espaço. Um espaço que hoje em dia ninguém quer apenas sonhar, o coração exige concretizar.
Procura incessantemente, aqui e além, em cada olhar, em cada sorriso.
A pergunta aflora aos lábios, serás tu? Invade as hormonas, domina  os sentidos.
Um ideal que se vai construindo, com os olhos do Brad Pitt, uma pitada de charme do G. Clooney, qb     de     doçura    dum    Orlando    Bloom,    um    pouquinho   do   misterioso   olhar  de Jonnhy  Depp,    envolve-se tudo com a encantadora e atrapalhada  timidez de Hugh Grant e sai um homem quase, quase perfeito.
Mas quem pode igualar  tal protótipo?
Sejamos práticos, continuemos a sonhar, a procurar a felicidade, a conjugar o verbo amar, mas se você não encontrar sua metade da laranja, não desanime, procure a sua metade do limão, adicione açúcar e  seja feliz!


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Post-it: A quem permanece

Todos estamos de passagem, mas há alguns que permanecem.
Aqueles que souberam deixar em nós germinada a semente da amizade.
Aqueles que partilhando a sua generosidade e carinho nos abriram as
portas do seu coração, e dessa forma ficaram para sempre no nosso.
Todos passamos pela vida, tu, meu jovem e eterno amigo, permaneces...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mar de água e de vida

Mar, mar e mais mar!
Espanta os olhos e o olhar,
enche o coração e o sentir.
Ah! Que vontade de partir!!

Partir sem asas ou navio,
sem destino ou direcção
e somente pelo desafio
de transpor a imensidão.

Partir no desejo e no querer
saborear o sentir e o tal prazer
de mergulhar nas profundezas
do mar, do ser e das certezas.

Partir, sim, mas voltar e ficar
onde o vento passa devagar
e as águas são calmas e serenas
deixando a vida correr, apenas!

Post-it: Férias...

Falemos de férias, não essas que já passaram, que tiveram sabor a mar, a campo, a pó da estrada, a gelados, a caipirinhas, caracóis, a melão fresco. Que tiveram cheiro a protector solar, a óleo de coco, a suor e a maresia. Que tiveram som de risos, de música dançante, de vento, de vendedores de gelados e bolas de berlim, de chuva, sim porque também choveu neste verão escaldante!
Falemos de férias, mas daquelas em que  se dá descanso ao coração, ao pensamento, quando deixamos domingar o corpo e a alma. Que deliciosa preguiça... como dizia alguém que conheci, que bom deixar-se giboiar. Nunca percebi muito bem a expressão, mas gostava dela, imaginava uma giboia roliça a descansar prazeirosa.
Falemos dessas férias que tiramos por vezes, seja em que dia for, na hora que nos apetecer, um momento para espreguiçar os neurónios, embalar as moléculas e relaxar as células.
Falemos dessas férias que muitas vezes precisamos de tirar para reencontrar a harmonia e o prazer de sentir a vida a fluir-nos nas veias...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Post-it: Se

A vida é feita de muitos "se"
Se tivesse feito isto, teria sido diferente. Se tivesse ido por ali, como teria sido?
Não sei se é arrependimento, se é dúvida, ou quem sabe mera curiosidade.
Faço-me estas perguntas, faço-vos estas perguntas.
E depois de tanto nos questionarmos dos caminhos traçados, das lágrimas choradas, das decisões tomadas, chegamos sempre à mesma conclusão:  Não escolheríamos outra vida para nós. Não acreditam?
Vejamos: Se as nossas escolhas de mudança implicassem perder o que de bom fomos ganhando pelo caminho, não aceitaríamos por fim que este foi afinal o melhor percurso?
Se não escolher aquele companheiro significasse que não teríamos os filhos que dele nasceram, não o aceitaríamos?
Se cada dor sofrida não tivesse feito de nós a pessoa que somos, forte, sólida, generosa e sensível para com os outros, preferíamos continuar a seres frágeis e inseguros e egoístas?
Se aquela chuva que nos molhou até aos ossos fez renascer a natureza preferíamos que tudo à nossa volta se transformasse num árido deserto só porque não nos quisemos molhar? certamente que não!
Tantos "se" temos ao longo da vida, devíamos mudar o nosso discurso e vê-la com outros olhos, encontrar em cada contrariedade algo de positivo. Afinal, como dizia o poeta "vale sempre a pena, se a alma não for pequena".

Post-it: Chegar a casa

A vida é uma procura incessante, que nos deixa sempre inquietos e incompletos enquanto não chegamos aonde nos sentimos bem e de onde não queremos sair. Não sabemos que lugar é esse, não conhecemos os caminhos que a ele vão dar e muito menos quando vamos chegar. Só sabemos que esse lugar existe e que nos espera e, apesar de todos os contratempos, continuamos a acreditar que, um dia, vamos encontrá-lo e saberemos reconhecê-lo e permanecer nele.
E, quando chegamos, a surpresa é indescritível, porque é um lugar muito mais belo e reconfortante do que o imaginámos! E, mesmo assim, surpreendidos, reconhecemo-lo e é como se ali tivéssemos estado toda a vida! Já não precisamos de procurar mais caminhos nem mais lugares, apenas queremos lançar alicerces e construir sobre eles a vida que, agora sim, vale a pena viver, porque chegámos a casa. E é tão bom estar em casa!

domingo, 12 de setembro de 2010

Post-it: Uau

Depois de ouvir esta expressão diversas vezes, entra-nos no ouvido, entra-nos no espírito. Uau, como é bom ainda nos surpreendermos com a vida! E nos surpreendermos duplamente quando esta nos oferece coisas positivas...
Fiz a minha lista de prendas. Era uma lista exigente, difícil de obter, mas não impossível. Confirmei-o em cada gesto de carinho que recebi de familiares e amigos. No final da noite, sentei-me, fechei os olhos e fiquei a pensar em tudo o que acontecera, dos risos, dos abraços, dos telefonemas, das sms, da cantiga dos parabéns cantada por vozes tão amigas, sempre tão presentes...
E agradeci em silêncio aquilo que não se pode agradecer nem gritando a plenos pulmões. Obrigado por existirem na minha vida. Por serem os meus raios de sol, o meu vento de ânimo, as nuvens que abraço e me abraçam, o mais lindo arco-íris no mais doce luar e o meu Natal de hoje e de sempre.
Abrindo os olhos, sorri, afinal sempre tinha recebido tudo o que pedira na minha lista
Difícil? Não, porque a vida é sempre mais fácil quando se tem amigos que caminham a nosso lado.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Post-it: Vou fazer anos!

Vou completar mais um aniversário dentro de poucos dias, com que espírito?
O espírito de sempre, de surpresa,de alegria, de ingenuidade, de expectativa.
Cheguei até aqui, onde chegarei mais?
As amigas pediram-me para fazer uma lista de prendas.

Vejamos, o que necessito para ser feliz?

* Que o sol brilhe quando estiver a chover
*Que o vento dê boleia aos pensamentos negativos
*Que as nuvens se deixem abraçar
*Que surja um arco-íris no luar
*Que a vida seja bela todos os dias do ano, em todos os anos da vida
*Que seja Natal hoje e sempre para dar a todas as minhas amigas e familiares um abraço gigante
Como forma de lhes agradecer a melhor prenda que podia receber: a vossa AMIZADE!.......

O sol voltará a brilhar

Se as lágrimas vêm sem avisar
qual imprevisível tempestade,
a vida levanta-se em vendaval,
vão-se o ânimo e a vontade.

Lutar? Como? Contra quem?
Vale mais serenar e reconhecer
que, mesmo chorar e sofrer,
também é sentir e ainda é viver

É melhor acreditar no tempo,
que depois de um dia outro virá
e neste mudar de vento
talvez a tempestade se vá.

Então, o sol voltará a brilhar
e terá cada dia maior esplendor,
até que convença a vida a recomeçar
e a aceitar de novo o seu calor.

O coração poderá voltar a sonhar,
e pedirá à vida que lhe dê novas razões
que o libertem do medo de amar
e o façam viver outras emoções.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Post-it: Parabéns

Pelos seus 84 doces anos, doces pelo seu  carácter, pela tranquilidade que espalha ao passar.
Não se tornou doce com o passar dos anos, sempre foi assim; alma límpida e coração sereno.
Palmilhou o mundo, não com ansiedade ou "fome de estrada", mas na atitude ponderada de quem se deita e deleita num berço de cultura.
Nunca lhe conheci um gesto menos correcto ou mais exasperado. Por vezes o sorriso esmorecia um pouco, os olhos fixavam-se num ponto distante. Que pensava? Sonhava, sofria? Nunca o soube, quando inquirida, olhava-me perplexa e oferecia-me um tímido sorriso, como que pedindo desculpa pela momentânea evasão.
Quando foi despedida do emprego, saiu sem um lamento, limpou uma lágrima fugidia e partiu no cair da tarde.
Dias depois o seu coração quis parar, o seu ser quis partir, mas a sua força interior foi mais forte e teimou em ficar.
Telefonei-lhe angustiada, quis saber como estava e o que se tinha passado.
Respondeu-me com ternura na voz
- Foram as saudades que me inundaram o coração...

Post-it: Dias novos e felizes

A vida nunca se repete e traz-nos, em cada dia, uma nova esperança de felicidade.
Felicidade?
Sim aquela "Felicidade" que todos desejamos e que, por vezes, temos receio de não encontrar ou de a deixar passar ao nosso lado sem a reconhecer, ou por não termos capacidade de a agarrar.
Sim, essa "Felicidade", que vem ao nosso encontro de forma gratuita, sem nada custar a não ser a vontade de embarcar nela e de tudo fazer para manter o rumo certo, seguindo os sinais correctos: disponibilidade, generosidade, coragem e coração aberto aos sentimentos que o fazem crescer e forte para enfrentar os que o podem ferir.
Sim, essa "Felicidade" que é feita de alegrias, mas também de algumas lágrimas, choradas com a certeza de que nos lavam e fazem crescer.
Sim, essa "Felicidade", que nos é dada, mas que também tem de ser construída por nossa vontade e com as nossas mãos, com coragem e determinação.
Sim, essa "Felicidade" que queremos nossa, mas que só o será se também a fizermos dos outros, dos que caminham connosco e até contra nós.
Sim, essa "Felicidade"...

Vazio

Partida, a alma
Em mil bocadinhos
A tilintar pelo silêncio
No chão do meu vazio.

Imagens soltas
Da tua alegria
Do teu sorriso
Dos teus gestos.

Perduram
Na ausência de ti
No meu sentir intacto
Na minha esperança.

És tu ainda
No meu desejo
Na minha escuridão
No deserto de mim

Não respondes
Não chamas
Não queres
Ou não ousas.

Será medo?
Receio do risco?
Do sentimento?
Da dor?

Ou é indiferença?
Não sentir?
Não desejar?
Não querer?

E perdem-se
Os mil bocadinhos
Na minha tristeza
Desfeitos em lágrimas
Feitos solidão
E pó e saudade e dor.

(24 e Agosto/2010)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Post-it: Há pessoas com quem queremos ficar

Há pessoas, como eu, que têm a sorte de encontrar no seu caminho alguém que as faz crescer e sentir necessidade de melhorar, de ser mais atentas e mais atenciosas.
Essa é a verdadeira sorte, porque crescer dessa forma é o melhor caminho para chegar aos outros e, só assim, é possível ser feliz. A felicidade está mais no dar que no receber.
Quando se encontra uma pessoa assim, só queremos ficar com ela e nunca nos afastar.

Post-it: Primeiro dia de aulas, do outro lado

Para um professor, cada ano lectivo também começa com um primeiro dia. Também de inquietação e expectativa.
Conhecem-se alguns alunos e outros não. Como serão? Saberei conquistá-los? Será possível conquistar a todos?
Se não é o primeiro dia do primeiro ano da vida desse professor, ele já sabe que essa conquista pode ser fácil mas, às vezes, é difícil e outras quase impossível.
O coração das crianças, dos adolescentes e dos jovens não chega em branco à escola, traz já muita viagem feita, cheia de recordações, nem sempre boas. Alguns vêm cheios de alegria e luz - nesses é fácil entrar e criar laços, estão habituados a confiar e a sorrir.
Outros carregam muita dor e mágoa. Conquistá-los é difícil e não é para todos, mas é possível. É preciso encontrar o caminho, ir limpando as feridas, cativando um pouquinho cada dia e esperar que nos deixem passar, que aprendam a confiar, sempre com jeito, para não assustar.
Porém, há corações que chegam cheios de dor, mas de uma dor diferente. Ninguém os abriu nem ensinou a sorrir e habituaram-se a desconfiar, não sabem dar nem acolher, só sabem defender e, por vezes, fazem-no atacando. São corações abandonados que ainda não receberam calor. Nesses, o caminho tem de ser construído, demora mais e nem sempre o professor os consegue cativar.
No primeiro dia de aulas, o professor sente esta inquietação - a de saber o que tem a fazer, mas nem sempre saber como. E é sempre diferente. Cada ano, cada aluno traz o seu coração como um novo desafio. O professor tem de manter este desejo de o conquistar, aceitando-o e amando-o. Sem esse desejo nem vale a pena começar.

Post-it: Primeiro dia de aulas. Lembram-se?

O primeiro passo para crescer, muitos diriam que é o nascimento, o vir ao mundo que nos recebe entre braços e abraços, entre olhares de surpresa e adoração.
Mas não, o primeiro passo é quando entramos na escola.
A família e os amigos sorriem com orgulho. – Então já vais para a escola?
Surge um medo que invade a alma, o que é a escola?
Porque lhe dão tanta importância?
Parece um rito de passagem para outra fase da vida.
Um mundo enorme aos nossos pequenos olhos, uma dor apodera-se de nós quando temos de largar a mão da mãe, aquele porto de abrigo, e caminhar com outras crianças para o universo da aprendizagem.
Claro que já passámos pelo infantário onde aprendemos a brincar, a sociabilizar, mas é tão diferente, já não há lápis de cor espalhados pelas mesas, nem brinquedos coloridos pelo chão, tudo está tão arrumadinho, tão pouco acolhedor, que num primeiro impulso nos apetece fugir!
O espírito de inicial de aventura pela descoberta que nos dominou até ali, vai desaparecendo e dando lugar a uma espécie de solidão.
Ficamos entregues a nós próprios, passamos a ter a responsabilidade do nosso êxito ou fracasso.
De repente estamos sós.
Demos o primeiro passo rumo ao futuro…

Post-it: O sol não encobre para sempre

Há dias que começam e acabam bem, mas nem sempre é assim. Um pequeno pormenor faz a diferença: pode chamar as nuvens ou afastá-las para o sol brilhar.
Quem me dera conseguir ser sempre afastador de nuvens e nunca a sua causa!

Post-it: Há dias assim

Em que o sol disperta mais cedo dentro de nós.
E os olhos são estrelas cintilantes.
Há dias em que cantamos no duche, sem nos preocuparmos com a afinação.
Dias em que os passos acelerados parecem nem tocar o chão.
E quando um aguaceiro cai do céu, para uns parece castigo, para outros
 uma benção para refrescar os sentidos.
Então porque tinha de vir prematura a noite inundando de escuridão a alma?
Porque se foi o sol sem se despedir?
E as estrelas do olhar perderam o brilho?
Porque perdeu a canção o sentido que a inspirou?
E os passos tocaram a dureza do chão?
Eis a realidade quando nos rouba a fantasia.
Porque  a vida que é feita de dias assim...

Cantar o amor

            



terça-feira, 7 de setembro de 2010

O amor

O amor
Primavera florida,
rosa escondida,
no seu coração.



O amor
A mais doce poesia,
um nascer do dia,
explodindo de emoção.


O amor
Vendaval e maresia,
luz e fantasia
que me faz voar.



O amor
Caravela navegando,
quer partir mas vai ficando
prisioneira desse olhar.

Post-it: Solidão e tanta gente!

Ainda que se caracterize pela concentração demográfica e de actividades, a cidade é um espaço onde as pessoas se cruzam, mas raramente se encontram, prevalecendo um anonimato difícil de quebrar. É um factor de liberdade e autonomia, comparativamente com a vida partilhada dos meios rurais, mas conduz ao isolamento e à solidão, acentuados pela ausência de relações de vizinhança. Vizinhos de que só ficou a designação, tendo-se esvaziado a função, pois pessoas que vivem a escassos metros reais e se cruzam diariamente, mal se conhecem e raramente se falam, excluindo quase totalmente a inter-ajuda e o apoio, que costumavam caracterizar as relações de vizinhança.

De: Geografia 11, Texto Editores, 2008.

Post-it: Estamos a tornar-nos ilhas?

Lembro-me de há alguns anos quando ia para a faculdade viajar sempre no mesmo autocarro, há mesma hora, com as mesmas pessoas.
Pessoas que iam a conversar umas com as outras. Lembro-me da Teresa, uma companheira de viagem.
Lembro-me quando nos disse com o mais radiante sorriso que estava grávida.
Lembro-me de nos ter apresentado o João, o seu bebé, que todas nós "adoptámos".
Lembro-me de acompanhar o seu crescimento, passando por todos os colos, inclusive pelo meu.
Até ao dia em que concluí o curso e mudei de autocarro e nunca mais encontrei os meus amigos de viagens diárias.
Hoje quando entro no autocarro, olho à minha volta, começo a conhecer os rostos, mas desconheço os nomes, as histórias. São pessoas anónimas, entram com auscultadores nos ouvidos, ou auriculares de telemóvel. Vão falando com pessoas que não vejo, ouço as conversas mas não as partilho. Há vozes e conversas em meu redor, mas há um estranho siléncio entre nós.
Recosto-me no banco, ligo o mp3 e tal como todos os outros, fico na minha ilha,
Estamos rodeados de tanta gente, mas cada vez mais sós...

Post-it: Olhares

Estou aqui para trocar olhares.
Falar de quem passa.
Falar de quem fica.
De olhares que se deitam,
ao quadro da vida e que deixam em nós
sensações novas ou repetidas.
Estou aqui não para contar a minha história,
a minha vida, mas apenas e sempre aquilo
que cada um ao passar por mim oferece-me de si...

Outro dia uma amiga disse-me com ar radiante
"Descobri que consigo ser feliz"
Que boa noticia amiga!
Que bom quando descobrimos que a felicidade
 está em nós, só temos que a descobrir.
Deixo este recado  para todos os que passarem por aqui,
Não desistam nunca de procurar a felicidade...

Post-it: Dia novo...


Cada dia que amanhece é uma nova oportunidade
de querer mais, aprender mais, ir até mais longe,
fazer melhor e viver com mais verdade.
É uma nova página, inteirinha, que podemos
escrever com mais sabedoria.
Ter um bom dia é fazer das novas horas,
horas de ser mais e melhor!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sinais

 Nem as estátuas da fonte, no Rossio,
escapam à humana vontade de dizer,
partilhar e quem sabe, talvez até amar!
Com ou sem pontuação, o importante é
saber repartir o que nos vai no coração!
Sei que apenas sou uma vírgula,
uma pausa para respirar.
Mas ao menos não assinala
o ponto final de acabar.

Fica no parágrafo a esperança,
na outra linha de oportunidade,
construir uma nova lembrança,
dando ao sentimento liberdade.

Queria ser ponto de exclamação,
uma surpresa encantada.
A mais terna emoção,
a ser por fim revelada.

Ou um sinal de interrogação,
a incógnita do descobrir.
Para além da razão,
aquilo que te faz sorrir.

Podia até ser algumas reticências,
um futuro em perspectiva.
Suplantando as vivências,
prender-te a mim, ave cativa.

Ou aqueles dois pontos gramaticais,
de algo que se vai acrescentando.
Podem estar entre os demais,
mas vão-te aos poucos conquistando.

Parêntesis, querem-se fechados,
Guardando a mensagem,
os momentos partilhados,
de aventura e de coragem.

Entre aspas de citação,
de grande profundidade.
Diz o que vai no coração,
e no coração vai a saudade...

Mãos

Com elas embalamos o mundo.
Com elas desenhamos sorrisos.
Secamos lágrimas e damos abraços.
Mãos que se unem em oração
Mãos que se fecham na dor
Mãos que abraçam outras mãos                                     
que com elas queiram seguir
no mesmo caminho,
Então passam a desenhar corações.
Ganham asas, vão para além dos sonhos
Quando os transformam em realidade.

Quem me dera

Queria-te ao pé de mim
Sentir-te ao estender da mão
Ouvir tua boca a dizer sim
Como se cantasse uma canção

Quem me dera ter-te aqui
Sorrir apenas por te ver
Cantaria baixinho só para ti
Canções de adormecer

Que bom seria ficar contigo
No embalo do sentimento
Ser o teu porto de abrigo
E tu meu contentamento

Se o sonho fosse realidade
E eu pudesse abraçar-te
Dar-te-ia a felicidade
Faria disso uma arte.

domingo, 5 de setembro de 2010

Post-it: Felicidade


Como se escreve Felicidade?
Com os olhos esfomeados dos teus,
Com a boca que é fonte a jorrar sentimentos.
Com abraços que não se querem apartar.
As horas que têm o teu nome,
Os dias, esperam por ti.
Caminhos que desenham os meus passos
quando vão ao teu encontro.

À noite quando adormeço
leio no coração, Felicidade...

Quando o amor acontece...

O amor despertou um dia com imensa vontade de viver. Saiu de si e aninhou-se no coração da primeira pessoa que encontrou disposta a partilhar…
E ela admirou-se por sorrir sem razão e por ter vontade de cantar!

sábado, 4 de setembro de 2010

Todos os dias, quando acordo, vou correndo tirar a poeira da palavra amor...

Palavras

As palavras são asas
que nos levam mais além
até ao infinito do céu
e à profundeza do mar
até dentro de nós
e a quem queremos falar

Abrem o pensamento
e deixam entrar a luz.
Tecem e soltam todas as ideias
de desejos e quimeras,
de sentimentos e emoções,
de medos e receios,
de fundamentos e razões

As palavras nascem,
crescem e soam.
Vão, semeiam e constroem.
Voltam, enraízam e germinam,
Renascem e tornam a falar,
a semear e a construir.

São asas de voar
de crer e esperar,
de confiar e compreender
de chorar e sofrer
de cantar e de rir
de ficar e partir.

São asas para abrir e erguer
e libertar a imaginação
São asas para bem-querer
e amar de todo o coração!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Imaginação

Imaginação, são asas para voar
Sobre a terra ou sobre o mar.
Sonhos tornados verdade
Concepções de felicidade.

São estrelas que posso tocar
nuvens que posso abraçar
Viajar na imaginação
sem nunca sentir solidão.

Percorrer muitos caminhos
desenhar outros destinos.
Poder ir sempre mais além
onde não chega ninguém.

Imaginar é criar, desenhar
um arco-íris no luar.
Rosas naturais no Inverno
e um sorriso eterno.

I want to fly

To wonder you, make’s me fly
Al over the depths and plains
Above all seas and mountains
Make’s me find and get the sky

If you want to come and fly with me
Give me your trust and you will see
The wonderful wings of my hope
Raising you to the tops of the world